O octogenário Alceu Vianna Rodrigues passeia por suas lembranças amorosas, subindo e descendo, ininterruptamente, num elevador comercial sempre lotado, de onde se recusa a sair. Numa linguagem arrojada, em que recordações são entrecortadas por vozes de diferentes interlocutores, a autora promove um percurso original e surpreendente.
‘Em seu livro de estreia, Izilda Bichara traz para nossa literatura um espaço pouco utilizado em contos e romances: o elevador. É verdade que esse meio de transporte tão banal, tão vertical, tem aparecido com certa frequência no cinema e na tevê. Mas não da maneira original como Izilda maquinou. No cinema e na tevê o elevador só vira protagonista quando quebra ou para por falta de energia elétrica, aprisionando as pessoas contra a sua vontade. Nesta breve ficção de Izilda — podem ficar sossegados, os leitores cardíacos — o elevador não quebra nunca. Seria óbvio demais. A tensão entre os enclausurados pega fogo de outro modo.
Na cadência das polias e das engrenagens, as lembranças do doutor Alceu vão ladeira acima, ladeira abaixo. É tão estranha e pungente a persistência do velho advogado, que logo começamos a simpatizar com ele. A torcer por ele. A sussurrar em seu ouvido:
— Não desce, não, Alceu.’ (trecho do prefácio de Luiz Bras)
Tentang Penulis
IZILDA BICHARA nasceu na cidade de São Paulo e é formada em Letras e em Direito pela USP, com especialização em Direito do Estado. Tem contos publicados nas coletâneas ‘Sabor de Ambrosia’ (1999), ‘Sabores Macabros’ (2000), ‘Na Mesma Lona’ (2010), ‘Portal Fahrenheit’ (2011), ‘Achados e Perdidos’ (2013) e nos fanzines ‘O Conto, GLBTUVXZ’ e ’50 anos daquele 64′.