Após o fracasso da utopia neoliberal, o grande consenso ideológico do nosso tempo é a capacidade das tecnologias da comunicação induzirem dinâmicas sociais positivas. A economia do conhecimento é considerada, de forma unânime, como solução para a deterioração especulativa dos mercados; as redes sociais são o remédio para a fragilização de nossa vida nômade e globalizada; a ciberpolítica aspira a regenerar nossas democracias exaustas… Gostamos de imaginar a internet como uma espécie de ortopedia tecnológica capaz de transformar os dilemas práticos herdados da modernidade, até sua virtual superação. Sociofobia questiona, em primeiro lugar, esse dogma ciberfetichista. A ideologia da rede vem gerando uma realidade social diminuída, não aumentada. Simplesmente tem rebaixado nossas expectativas quanto ao que cabe esperar da intervenção política ou das relações pessoais. Por isso, Sociofobia realiza, em segundo lugar, uma ambiciosa reavaliação crítica das tradições políticas antagonistas, para pensar o pós-capitalismo como um projeto factível, próximo e amigável.
Circa l’autore
César Rendueles nasceu em Girona, cresceu na cidade asturiana de Gijón, mas vive há vinte anos em Madrid. É doutor em filosofia e professor no departamento de teoria sociológica da Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia da Universidade Complutense de Madrid. Também lecionou na Universidade Carlos III de Madrid e colaborou como conferencista convidado em várias universidades espanholas e latino-americanas. Foi membro fundador do coletivo cultural Ladinamo, que editava a revista de mesmo nome, e durante oito anos assumiu a coordenação cultural e a direção de projetos do Círculo de Belas Artes de Madrid. Tem escrito sobre questões ligadas à epistemologia, à filosofia política e à crítica cultural em diversas revistas especializadas. Publicou duas recopilações das obras de Karl Marx: uma antologia de O capital e uma seleção de textos sobre a teoria do materialismo histórico. Também organizou a edição de ensaios clássicos de autores como Walter Benjamin, Karl Polanyi e Jeremy Bentham. Rendueles também vem realizando um extenso trabalho como tradutor e, em 2011, comissariou a exposição Walter Benjamin. Constelaciones. Escreve habitualmente em seu blog Espejismos Digitales.