Primeiro romance de Charlotte Brontë, uma das irmãs que compõem a famosa família literária inglesa, Jane Eyre conta a história de uma jovem em busca de uma vida mais significativa na sociedade inglesa do século XIX.
Por meio da abordagem de temas como a subordinação da mulher, relações familiares abusivas que geram traumas futuros e o crescimento moral e espiritual da personagem principal, Jane Eyre foi publicado originalmente em 1847, mas se mostra ainda muito atual.
Jane, órfã de pai e mãe, vive com parentes que a desprezam, sendo tratada por sua tia de modo muito diferente do tratamento recebido pelos primos, cruéis e fúteis. Já com 10 anos de idade, Jane é enviada para a instituição de caridade Lowood, uma escola com métodos rígidos de ensino. Apesar das inúmeras privações que enfrenta na escola, a menina leva uma vida quase feliz e se torna forte e independente, passando a lecionar na entidade que a formou. Aos 18 anos, decide partir, e consegue um trabalho como preceptora da jovem Adèle, pupila do irônico e arrogante Edward Rochester. A partir deste momento, a vida de Jane toma um rumo diferente e inesperado, que envolve mistério, novas amizades, diferentes sensações e até mesmo uma história de amor.
Jane Eyre é considerado um romance de formação, no qual se narra o desenvolvimento físico, moral, psicológico, estético, espiritual e social da personagem principal, desde sua infância até a maturidade. Charlotte Brontë representou, por meio da protagonista, a ideia de emancipação feminina, isto é, de que as mulheres não tinham a obrigação de se casar para ter uma vida; que poderiam trabalhar e se sustentar de maneira independente. Ao longo do romance, são tecidas diversas críticas à condição de inferioridade atribuída às mulheres naquela época. A autora é, por isso, considerada transgressora das regras vigentes em sua sociedade, vista hoje como uma mulher à frente de seu tempo.
Jane Eyre narra, além de uma comovente história de amor, a saga de uma jovem em busca de uma vida mais significativa do que a sociedade inglesa do século XIX tradicionalmente permitia às mulheres.
Circa l’autore
Charlotte Brontë (1816-1855) nasceu em Thornton, no condado de Yorkshire, na Inglaterra. Com a morte da mãe, em 1821, e das duas irmãs mais velhas, em 1825, Charlotte, as irmãs Emily e Anne e o irmão Branwell foram morar com uma tia, irmã de sua mãe. As meninas foram educadas em casa e, por meio da escrita, elas desenvolviam e exploravam mundos fantásticos. Escreviam diários, peças, poemas e histórias e os reuniam num jornal mensal. De 1835 a 1838 Charlotte trabalhou como preceptora e depois como governanta. Em 1845, as três irmãs publicaram – sob os pseudônimos masculinos de Currer, Ellis, e Acton Bell – uma compilação de seus poemas. Entusiasmadas, começaram a escrever romances. Emily escreveu O morro dos ventos uivantes, Anne escreveu Agnes Grey e Charlotte, The Professor. Os dois primeiros foram aceitos por um editor, mas o romance de Charlotte foi rejeitado. Em 1847, Jane Eyre foi publicado e obteve sucesso imediato.