Em seu novo livro, o Dalai Lama faz um apelo à humanidade e deixa claro que cuidar do planeta nada mais é do que cuidarmos de nós mesmos
Desde as últimas décadas do século XX vários líderes humanitários, políticos e religiosos estão chamando atenção para o fato de que o tempo para a nossa reação contra a deterioração e o esgotamento dos recursos naturais já passou: estamos atrasados para reverter os efeitos da ação humana sobre a natureza. Entre eles está Sua Santidade, o Dalai Lama, que vem direcionando sua pregação mundial menos à questão das práticas de meditação e das virtudes budistas e mais à necessidade de tomarmos atitudes concretas para cuidarmos da Terra. Agora, em seu novo livro, A nossa única casa, escrito com Franz Alt, ele deixa claro que cuidar do nosso planeta nada mais é do que cuidarmos de nós mesmos.
Em suas palavras, precisamos desse ‘egoísmo sábio’ neste momento da nossa história. Afinal, não podemos viver sem a natureza, mas a natureza vive muito bem sem nós. Não é, então, apenas uma questão de preservarmos árvores e animais: devemos nos preservar e preservar a vida para nossos filhos e netos. Portanto, enquanto o ser humano não se enxergar como parte dessa natureza – exatamente como os insetos, as plantas e as rochas – e não perceber a interdependência de tudo o que existe, não levaremos a sério a questão ambiental. Teremos sempre uma posição condescendente em relação a toda a destruição e enxergaremos tudo o que nos cerca apenas como um recurso útil.
Mas é chegado o momento: cada vez mais pessoas se tornam conscientes
de que precisamos fazer alguma coisa. Em A nossa única casa, o Dalai Lama oferece dicas preciosas de como podemos contribuir e faz uma proposição não dogmática de uma nova ética de acordo com os preceitos budistas, ‘para que a alegria silvestre e a felicidade imaculada aumentem, se espalhem e envolvam tudo o que existe’. Esse é o compromisso ético que precisamos assumir com as novas gerações. E, como ele mesmo afirma, a ética é mais importante do que a religião.
Circa l’autore
Tenzin Gyatso, sua Santidade, o 14º Dalai Lama nasceu em Takster, Tibete Oriental, em 1935. Após a ocupação do Tibete pela China, em 1959, ele se exilou na Índia, de onde vem fazendo uma campanha por uma solução amigável para a autonomia de seu país. Em 1989 foi homenageado com o Prêmio Nobel da Paz. É autor de vários livros best-sellers internacionais, dentre eles A arte da felicidade: um manual para a vida. Nos últimos anos, o Dalai Lama vem se dedicando a chamar a atenção do mundo para a interdependência de todos os seres e a necessidade de construirmos uma nova ética social e ambiental.
Franz Alt é filho de um comerciante de carvão e defendeu, durante muitos anos, a utilização da energia nuclear. Depois da catástrofe de Chernobyl, começou a rever suas posições e se tornou um ativista pelo meio ambiente. Estudou ciência política, história, filosofia e teologia e já trabalhou como jornalista para alguns dos mais importantes veículos da imprensa alemã. É autor de vários livros, traduzido para diversas línguas, e mantém uma página na internet sobre ecologia e preservação ambiental.