‘Para a história extremamente fantástica, embora extremamente simples, que estou prestes a narrar não espero nem peço crédito. Seria louco se o esperasse, num caso em que meus próprios sentidos rejeitam o que eles mesmos atestam. No entanto, não sou louco – e certamente não estou sonhando.’ Com essas palavras começa O gato preto, obra que dá título a este livro. Nela, como nos demais relatos desta seleção, o cotidiano revela para o leitor uma segunda e tenebrosa natureza; a compreensão racional confronta o verossímil; o sobrenatural irrompe, desconcertante.
Circa l’autore
Filho de atores itinerantes a quem nunca conheceu, Edgar Allan Poe foi acolhido, aos dois anos, pela família de um comerciante que foi para a Inglaterra em 1815. Iniciou seus estudos em internatos de Londres e Stoke Newington. Frequentou brevemente a Universidade de Virginia e a Academia Militar de West Point. Em 1827 publicou ‘Tamerlane e outros poemas’, que incluía versos que escreveu aos catorze anos. Durante toda a vida, frequentou bares, salões de jogos e tribunais de justiça. Foi colaborador de publicações efêmeras e se indispôs com todos os seus colegas. Em 1833, ‘The Saturday Visitor’ premiou seu Manuscrito encontrado numa garrafa. Três anos depois casou-se com sua jovem prima e empreendeu a redação das mais magníficas histórias de terror e suspense do século, prefigurando a literatura do século seguinte. Em 1841, Os crimes da rua Morgue inaugurou o gênero policial. Edgar Allan Poe sobreviveu três anos à morte da esposa. Vencido pelo delirium tremens, morreu em 7 de outubro de 1849, na enfermaria de um hospital de Baltimore.