Terceira novela do autor palestino Ghassan Kanafani (1936–1972) — publicada originalmente em árabe em 1969 —, Umm Saad apresenta uma personagem que se tornou, ao longo dos anos, uma figura mítica, símbolo da resistência palestina.
A personagem Umm Saad é originária de uma pequena aldeia rural e, depois da Nakba (catástrofe), passa a viver num campo de refugiados em Beirute. Essa mãe revolucionária, semelhante pela sua grandeza à Mãe Coragem, de Brecht, e à Mãe, de Górki, expressa uma consciência política autônoma e é agente da mudança. Nesta novela, Kanafani se lança a aprender com as massas.
Umm Saad é também mito da mãe-terra, a própria Palestina, a terra natal, seu cheiro, sua textura, sua umidade, sua secura; conhecedora do tempo das coisas, do galho seco que em algum momento brota verde…
A luta de Umm Saad é a luta contra o desterro, o deslocamento, a desapropriação, a catástrofe engendrada por ideais distópicos e desmedidos; é a afirmação de pertencimento, de identidade e intimidade com a terra. Umm Saad é a tentativa mais completa de Kanafani de expressar o fulgor do momento revolucionário.
Circa l’autore
Ghassan Kanafani foi um escritor e ativista político palestino, cofundador da Frente Popular para a Libertação da Palestina e um dos maiores expoentes da literatura e do jornalismo árabe de nossos tempos.
Nascido em Acre, no norte da Palestina, em 9 de abril de 1936, o escritor viveu em Jaffa até maio de 1948, quando foi forçado a se refugiar com a família no Líbano e em seguida na Síria. A partir de 1960, passa a viver e trabalhar em Beirute, onde acaba assassinado, no dia 8 de julho de 1972, junto com sua jovem sobrinha Lamis, num atentado à bomba, planejado por agentes israelenses.
Entre seus escritos estão uma infinidade de romances, contos, peças teatrais e artigos que versam sobre a cultura, a política e a luta do povo palestino. Seus trabalhos foram traduzidos para diversos idiomas e publicados em mais de vinte países.