A Farsa dos Almocreves é uma das menos conhecidas e reconhecidas peças de Gil Vicente, sátira que por seu conteúdo fortemente crítico com a sociedade quinhentista portuguesa passaria por inúmeras dificuldades perante o tribunal da Inquisição, sendo talvez a versão aligeirada -essa é a hipótese que este livro desenvolve- de uma peça intitulada Aderência do Paça, aparentemente desaparecida após expressa censura do Santo Oficio. O interesse da Farsa dos Almocreves ultrapassa a simples comicidade da cena central, o hilariante e desconexo diálogo entre dois almocreves, possuindo, apesar de uma história textual que imaginamos complexa, muitas das particularidades que individualizam a obra dramática de Gil Vicente no contexto do século XVI português. Utiliza com completa liberdade recursos dramáticos da rica tradição espetacular medieval e personagens-tipo facilmente reconhecíveis para realizar uma crítica social e política muito concreta, visando denunciar o ‘diabólico’ conceito de ‘aderência’.
Circa l’autore
Alexandre Azevedo (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1965) é um cronista, teatrólogo, romancista, contista, ensaísta e autor de livros infantis, além de um dos maiores colecionadores de arte naïf do Brasil. Atualmente reside em Ribeirão Preto, São Paulo. Alexandre Azevedo é casado com Elisa Bechuate Azevedo (escritora e consultora de etiqueta e comportamento), com quem tem três filhos, Fernanda, Clarissa e Pedro Alexandre.
Publicou mais de 100 obras, algumas delas elogiadas, comentadas e prefaciadas por autores como Luís Fernando Veríssimo, Ziraldo, Manoel de Barros, Lourenço Diaféria, Isaias Pessotti, Carlos Herculano Lopes, Affonso Romano de Sant'Anna, Adelino Brandão, Márcio José Lauria e Carlos Augusto Segato. Dos programas que participou, destacam-se o do ‘Programa do Jô’ e da Rádio Senado, comandado pela escritora Margarida Patriota.