Passados duzentos anos de sua publicação, Filosofia do direito permanece obra fundamental tanto no conjunto da filosofia hegeliana quanto na fundamentação teórica do direito moderno, ainda que sua formulação hermética e complexa se apresente como um desafio aos leitores. Neste livro, Gilles Marmasse, estudioso do idealismo alemão, oferece um esquema interpretativo acessível do clássico, sem renunciar à sutileza conceitual e ao rigor teórico, destacando a ambivalência do pensamento hegeliano acerca das normas, que insiste em sua validade e seu caráter libertador, mas também em sua incompletude e em sua vulnerabilidade.
‘Entendo que o guia de Gilles Marmasse é muito bem-sucedido na tarefa a que se propôs por duas razões, sobretudo, por ter estabelecido uma estratégia de análise e de apresentação que se mostrou acertada e por ter explicitamente apresentado duas hipóteses estruturantes da leitura que permitem não apenas compreender a posição hegeliana, mas também entender (e eventualmente discordar) a interpretação proposta. A estratégia de análise e de apresentação foi a de seguir o texto na ordem que lhe deu Hegel. Mas sem se orientar por uma exegese parágrafo por parágrafo, o que poderia fazer perder a visão do todo. Gilles Marmasse propôs uma apresentação a partir de grandes blocos argumentativos do livro de Hegel, o que permite alcançar com maior facilidade o sentido geral do empreendimento.’
— Marcos Nobre, no Prefácio
Circa l’autore
Gilles Marmasse é doutor em filosofia pela Universidade de Paris 1 Panthéon-Sorbonne, onde também lecionou. Desde 2014, é professor da Universidade de Poitiers e lidera o grupo de pesquisa Metafísica alemã e filosofia prática. Dedica-se à história da filosofia alemã — em particular, do idealismo alemão —, à filosofia política e à filosofia da história, e ao longo da carreira tornou-se especialista no pensamento de Georg Wilhelm Friedrich Hegel, tendo colaborado na elaboração de edições críticas das obras do autor, bem como nas traduções de seus escritos para o francês. É autor de artigos e livros sobre o pensamento hegeliano, entre os quais os mais recentes são Hegel: une philosophie de la réconciliation e Le négatif au travail: Hegel et la raison en devenir, ambos lançados em 2018.