Conjunto inédito de entrevistas concedidas pelo filósofo húngaro em seus últimos anos de vida, de 1966 a 1971, a nova obra da coleção Biblioteca Lukács oferece ao leitor temas que vão desde questões relativas a ontologia, estética, política e cultura – passando pela autocrítica de sua produção intelectual – até uma defesa da necessidade da retomada do pensamento marxiano para além das experiências socialistas do século XX.
Segundo Lukács, não há como separar o campo da teoria da atividade política. Os movimentos sociais são, para ele, ‘sempre úteis ao trabalho’ intelectual. Nesse sentido, fica claro, ao longo das entrevistas, que as lutas ocorridas na década de 1960 não passaram despercebidas pelo pensador, que traça considerações acerca da revolta das mulheres e do movimento negro nos Estados Unidos, da luta de libertação em diversas colônias africanas, da crise dos mísseis nucleares em Cuba e das manifestações dos estudantes franceses de 1968.
Como observam o organizador do volume, Ronaldo Vielmi Fortes, e Alexandre Aranha Arbia no texto de apresentação: ‘Para a compreensão dos grandes dilemas atuais da sociabilidade capitalista, para a perspectivação de um futuro autenticamente emancipatório da humanidade, podemos afirmar, sem nenhum receio, que o pensamento de Lukács é incontornável’. Traduzidas do alemão, do italiano e do francês, as dezesseis entrevistas ora reunidas atestam não apenas a veracidade dessa percepção, mas sobretudo a força crítica e a vitalidade das reflexões do autor húngaro.
Circa l’autore
Nascido em 13 de abril de 1885 em Budapeste, Hungria, György Lukács é um dos mais influentes filósofos marxistas do século XX. Doutorou-se em ciências jurídicas e depois em filosofia pela Universidade de Budapeste. No final de 1918, influenciado por Béla Kun, aderiu ao Partido Comunista e, no ano seguinte, foi designado Vice-Comissário do Povo para a Cultura e a Educação.
Em 1930 mudou-se para Moscou, onde desenvolveu intensa atividade intelectual. O ano de 1945 foi marcado pelo retorno à Hungria, quando assumiu a cátedra de Estética e Filosofia da Cultura na Universidade de Budapeste. Estética, considerada sua obra mais completa, foi publicada em 1963 pela editora Luchterhand. Já seus estudos sobre a noção de ontologia em Marx, que resultariam, oito anos depois, em Para uma ontologia do ser social, iniciaram-se em 1960. Lukács faleceu em sua cidade natal em 4 de junho de 1971.
A Boitempo, que já publicou seis obras do autor (Prolegômenos para uma ontologia do ser social, 2010; O romance histórico, 2011; Lenin e Para uma ontologia do ser social I, 2012; Para uma ontologia do ser social II, 2013; e Reboquismo e dialética, 2015), com o presente título dá continuidade à Biblioteca Lukács.