Reunidos em um só livro, os três volumes da Coleção João do Rio revelam a vasta produção do autor que foi um dos responsáveis pela invenção da crônica moderna brasileira
Crônica, Folhetim, Teatro reúne uma seleção de crônicas, reportagens, contos, entrevistas, peças de teatro e folhetins produzidos pelo autor entre 1899 e 1919. Boa parte dos textos nunca saiu em livro, apenas nos jornais – que permaneceram mais de 100 anos guardados em arquivos e bibliotecas. Até mesmo os romances e crônicas que o próprio autor editou em livro estavam há décadas fora de catálogo.
João do Rio (1881-1921), pseudônimo mais conhecido de Paulo Barreto, foi um dos autores mais conhecidos – e controversos – do início do século XX no Rio de Janeiro. Personagem múltiplo, o escritor-jornalista usou sua pena tanto para denunciar a miséria, dando voz ao povo humilde que era mantido bem longe da imprensa, como para fazer o retrato – e a crítica mordaz – da alta roda carioca e seus salões elegantes. Seu estilo híbrido de literatura e reportagem transformou a maneira de fazer jornalismo no país, ajudando a fundar a crônica moderna.
Circa l’autore
João do Rio foi o pseudônimo mais famoso de Paulo Barreto (1881-1921), um dos autores mais conhecidos – e controversos – do início do século XX no Rio de Janeiro. Cronista prolífico, ele também foi crítico de arte, escreveu romances, ensaios, contos, peças de teatro, conferências sobre dança, moda, costumes, política.
Ele foi pioneiro como repórter e criou um estilo de texto híbrido de literatura e reportagem, ficção e realidade. Mudou o modo de fazer jornalismo e ajudou a fundar a crônica moderna. O escritor que conquistou uma vaga na Academia Brasileira de Letras aos 29 anos era um personagem de múltiplas facetas. Usou sua pena para denunciar a miséria, foi porta-voz do povo humilde, que não tinha espaço na imprensa. Inovou ao deixar a redação do jornal e ir para a rua, subir o morro e percorrer os subterrâneos da cidade, para revelar a seu leitor um Rio de Janeiro desconhecido. Ao mesmo tempo, acompanhando as transformações da capital, que vivia, naqueles primeiros anos de República, a fase de sua Belle Époque, João do Rio foi também o cronista dos salões e recepções elegantes da alta roda – a elite que tentava se sofisticar e imitar os estrangeiros.
João do Rio percorreu o mundo, colecionou admiradores e desafetos. Gordo, mestiço e homossexual, vestia-se como um dândi – com, por exemplo, um fraque verde combinando com a bengala, cartola e monóculo. Vítima de um ataque cardíaco que o impediu de completar 40 anos, ele deixou 25 livros e mais de 2.500 textos publicados em jornais e revistas.