Primeiro livro de Louis-René des Forêts a ser publicado no Brasil é uma de suas obras-primas e traz ensaio do crítico Maurice Blanchot, grande entusiasta do escritor francês
Novela em forma de monólogo, O tagarela é o primeiro livro a ser publicado no Brasil de Louis-René des Forêts (1918-2000), escritor francês brilhante, mas pouco conhecido. Concebida enquanto o autor atuava na Resistência durante a Segunda Guerra Mundial, tornou-se uma de suas obras mais célebres e cultuadas. O falante narrador é um anônimo, um homem atormentado por sua presença incômoda no mundo. O fato deflagrador de sua loquacidade é simples: depois de experimentar sensações ambíguas durante uma caminhada, o personagem, sob efeito do álcool numa boate, se vê num súbito triângulo formado por uma mulher que ele convida para dançar e seu namorado. A situação o leva a soltar o verbo descontroladamente, sofrendo daquilo que chama de crise de tagarelice. Verdadeira parábola sobre os limites da palavra, a obra contou com leitores entusiastas como Georges Bataille, Pascal Quignard e Maurice Blanchot, autor do ensaio incluído neste volume.
Circa l’autore
Louis-René des Forêts (1918-2000) nasceu em Paris e estudou Direito e Ciências Políticas. Começou a escrever durante a ocupação alemã da França, enquanto fazia parte da Resistência. Foi um dos intelectuais mais destacados na oposição à guerra franco-argelina, participando da fundação do Comité contra a Guerra da Argélia (1954). Entre suas principais obras, estão Les Mendiants (1943), O tagarela (1946), La Chambre des enfants (1960) e Ostinato (1997). A partir de 1953, contribuiu para a criação da Encyclopédie de la Pléiade, com Raymond Queneau, e participou do famoso comitê de leitura da editora Gallimard entre 1966 e 1983. Em 1967, fundou a revista de poesia e arte L'Éphémère com Yves Bonnefoy, André du Bouchet, Paul Celan, Jacques Dupin, Michel Leiris e Gaétan Picon. Recebeu diversos prêmios, como o Prix des Critiques (1960), o Grand Prix Nationale des Lettres (1991), o Grand Prix de Littérature de la sgdl pelo conjunto de sua obra (1997) e o Prix de l'Écrit Intime, pela autobiografia em fragmentos Ostinato (1997), considerada, ao lado de O tagarela, sua obra-prima.