Nesse conjunto de ensaios, Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino propõem uma interpretação do Brasil a partir do conhecimento acumulado na macumba e em outros saberes populares.
Para os autores: ‘No Brasil terreiro, os tambores são autoridades, têm bocas, falam e comem. A rua e o mercado são caminhos formativos onde se tecem aprendizagens nas múltiplas formas de trocas. A mata é morada, por lá vivem ancestrais encarnados em mangueiras, cipós e gameleiras. Nos olhos d’água repousam jovens moças, nas conchas e grãos de areia vadeiam meninos levados. Nas campinas e nos sertões correm homens valentes que tangem boiadas. As curas se dão por baforadas de fumaça pitadas nos cachimbos, por benzeduras com raminhos de arruda e rezas grifadas na semântica dos rosários. As encruzilhadas e suas esquinas são campos de possibilidade, lá a gargalhada debocha e reinventa a vida, o passo enviesado é a astúcia do corpo que dribla a vigilância do pecado. O sacrifício ritualiza o alimento, morre-se para se renascer. O solo do terreiro Brasil é assentamento, é o lugar onde está plantado o axé, chão que reverbera vida’.
Circa l’autore
Luiz Antonio Simas é carioca, botafoguense, filho de pai catarinense e mãe pernambucana. Trabalha como professor de História e faz pesquisas sobre culturas populares do Brasil. É autor, entre outros, do ‘Almanaque Brasilidades’ (Bazar do Tempo, 2018), de ‘Pedrinhas miudinhas: ensaios sobre ruas, aldeias e terreiros’ (Mórula, 2013), do ‘Dicionário da História Social do Samba’ (Civilização Brasileira, 2015), em parceria com Nei Lopes, e de ‘Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas’ (Mórula, 2018) e ‘Flecha no tempo’ (Mórula, 2019), estes dois últimos com Luiz Rufino.
Luiz Rufino é carioca, filho de pai e mãe cearenses, pedagogo, doutor em Educação pela UERJ, pós-doutorado em Relações ético-raciais, aprendiz de capoeira e curimba. É professor e autor de ‘Histórias e Saberes de Jongueiros’ (Multifoco, 2014), ‘Pedagogia das encruzilhadas’ (Mórula, 2019) e dos livros ‘Fogo no Mato: a ciência encantada das macumbas’ (Mórula, 2018) e ‘Flecha no Tempo’ (Mórula, 2019) em parceria com o historiador Luiz Antonio Simas.