Para você que não para de roer as unhas
Quando decidiu escrever sobre ansiedade, o mundo ainda não conhecia a COVID-19. Mas, sob a antiga normalidade, Pondé entendia a ansiedade como um dos temas mais preocupantes e inquietantes para todos: dos seus jovens alunos universitários aos leitores mais velhos de suas colunas no jornal; de quem se via ansioso por uma falta de sentido na vida aos que mal tinham tempo para perceber isso. ‘Somos todos ansiosos’, dizia ele, com razão. À medida que escrevia e a pandemia se
espalhava mundo afora, foi percebendo que a ansiedade havia se tornado um marco da nossa era com todos os tipos de medos provocados pelo vírus.
O ‘timing’ para o livro parecia perfeito – assim como a sua intenção. A partir da filosofia, sua área de atuação, ele analisa como o comportamento e a cultura têm produzido e lidado com esse novo paradigma que é a ansiedade como perspectiva de mundo. Explica a nossa ansiedade contemporânea e aponta possíveis formas de lidar com ela.
Pondé estuda algumas das inúmeras fontes do problema: desde as redes sociais e internet aos avanços da medicina, passando pela emancipação feminina, o desemprego e a competitividade no mercado de trabalho, fatores como o imperativo da felicidade, a coisificação das pessoas e o receio sobre o futuro da democracia. Até porque, segundo ele, a melhor forma de enfrentar a ansiedade é aceitar que ela jamais vai acabar e que atinge a todos nós. ‘Se somos todos ansiosos, temos razão
para sermos. Não se trata de um bando de idiotas ansiosos porque são bobos. Trata-se, antes de tudo, de um bando de ansiosos porque são informados’. É um consolo…
Circa l’autore
Luiz Felipe Pondé é filósofo, escritor, diretor do laboratório de política, comportamento e mídia da PUC-SP, professor da FAAP e colunista do jornal Folha de S.Paulo. Já publicou
inúmeros livros, entre eles Como aprendi a pensar, Filosofia para corajosos, Amor para corajosos e Espiritualidade para corajosos – todos pela Editora Planeta.