O RETRATO DO SR. W. H. é uma história acerca da tentativa de se descobrir a identidade do Sr. W. H., o homenageado enigmático dos sonetos de Shakespeare. Em 1609, foi publicado a primeira edição dos Sonetos de Shakespeare, apresentando a misteriosa dedicatória: ‘Para o Senhor W.H.’ Desde então, a identidade do senhor W. tem sido objeto de uma série de teorias fascinantes – mas ninguém foi tão engenhoso quanto Oscar Wilde ao elaborar sua teoria no RETRATO DO SR. W. H. É baseado em uma teoria, originada por Thomas Tyrwhitt, de que os sonetos foram dirigidos a Willie Hughes, retratado na história como um ator jovem da companhia de Shakespeare. A única evidência para esta teoria é um conjunto de sonetos (como o Soneto 20), que fazem trocadilhos com as palavras ‘Will’ e ‘Matizes’. No relato, o pesquisador da Universidade de Cambridge Cyril Graham passa os seus dias analisando as obras de Shakespeare e faz um descobrimento muito surpreendente: o Senhor W. H. a quem Shakespeare dedicou os seus sonetos não é ninguém menos do que Will Hughes, um dos atores de sua companhia. Como ninguém compartilha de sua teoria, Graham passa a se valer de outros métodos para convencer os seus pares, levando a uma série de fatos misteriosos até um final surpreendente. Conhecido por seu estilo de vida extravagante e pouco ortodoxo, Oscar Wilde, um dos maiores escritores da língua inglesa nesta obra demonstra toda sua genialidade e apresenta o estilo que o caracterizaria como um dos maiores intelectuais de todos os tempos.
Circa l’autore
OSCAR WILDE, nascido em 16 de outubro de 1854 na cidade de Dublin, Irlanda, viveu na efervescente capital inglesa, frequentando ciclos de escritores, atores e figuras de destaque da época, sendo enaltecido por importantes figuras literárias, como o dramaturgo George Bernard Shaw, os poetas norte-americanos Walt Whitman e H. W. Longfellow, e o escritor francês Stéphane Mallarmé.
Casado em 1884 com Constance Lloyd, teve dois filhos a quem Oscar Wilde se devotava de corpo e alma e cujo afastamento por decisão de Constance após sua prisão foi devastador. Mesmo após o casamento, manteve-se muito conhecido e requisitados em todas as rodas literárias, honrado com todos os compromissos aos quais era convidado. Tornou-se realmente uma pessoa indispensável e comentada aos eventos sociais, espalhando glamour e comentários por onde passava.
Possuía uma aparência que atraía os olhares: vestia-se elegante e extravagantemente bem, com roupas e adereços que, segundo suas próprias palavras, sempre refletiam o que de mais íntimo existia dentro dele. Embora bem conhecido nos círculos sociais, Wilde recebeu pouco reconhecimento por sua obra durante muitos anos até a estreia de ‘O Leque de Lady Wildermere’ que consolidou sua fama literária a partir de 1892. O simulacro, o homem e seu retrato eram a maneira pela qual o autor se utilizava para se relacionar com o mundo, mas o período de seu sucesso foi extremamente curto.
Na noite de estreia de sua obra-prima teatral ‘A Importância de Ser Constante’ em 1895, o marquês de Queensberry, pai de Lorde Alfred Douglas, jovem aristocrata com quem Wilde estava se relacionando à época, iniciou uma campanha pública contra o autor. Por influência de Lorde Douglas, Oscar Wilde decidiu mover uma ação contra o pai do rapaz, acusando-o de difamação. Quinze semanas mais tarde, Wilde perderia o processo e, em 1895, era preso e condenado a dois anos de trabalhos forçados. Ao ser libertado em 1897, Wilde muda-se da Inglaterra em direção ao continente europeu. Lá adota o pseudônimo de Sebastian Melmoth e em companhia de Robert Ross publica ‘A Balada do Cárcere de Reading’ e ‘A Alma do Homem sob o Socialismo’, suas últimas produções literárias. Logo após, fixa residência em Paris, onde corrige e publica ‘Um Marido Ideal’ e ‘A Importância de Ser Constante’, demonstrando que se encontrava no comando de si mesmo e de todo seu talento literário. Todavia se recusa a escrever qualquer novo material, declarando que ‘posso continuar a escrever, mas perdi a satisfação para tal’.
Em 30 de novembro de 1900, Wilde, empobrecido, esquecido e doente, veio a falecer em um quarto do Hôtel d’Alsace, em Paris. Como legado, deixou-nos uma obra admirável representada por contos, romance, poesias e peças teatrais que até hoje são encenadas.