A escrita é revolucionária quando transpõe os padrões do ser pensante por trás de cada letra. Também é cura, quando este Ser confronta a ideia inerente de que, na sua mente, as palavras não são coerentes. Mulheres negras transformando potencialidades, nadando contra a maré em busca do pertencimento de sua própria alma que, cheia de desejos, há séculos, projetam o silêncio. Seguimos, enfim, resistindo às marcas pregadas sobre esse corpo, transmutando a ideia de só sermos carne em direção à retomada da essência e ancestralidade invisibilizadas pelos açoites diários. São poesias sobre mulher negra, saudade ancestral, potência fundante, amor, afetividade, dor, ancestralidade, ressignifi cações, um oceano negro feminino navegante sobre os escombros, um mundo inteiro no peito e o corpo inteiro no mundo. Não ter pra onde voltar é ter o mundo inteiro pra ressignificar, com os pés na terra e a cabeça na lua.
About the author
Jéssica Ferreira é escritora, dramaturga em formação pela Escola Livre de Teatro e estudante de Políticas Públicas na Universidade Federal do ABC. Das diásporas diárias, durante seus 22 anos, Santo André é cenário e maré que deságua seu início artístico no Sarau Empretecer, movimento o qual articula. É um dos oris potentes que compõe experiências do Narrativa Ori. Sua escrevivência poética tem como cerne a afetividade da mulher negra, como transposto no livro Pés na Terra e Cabeça na Lua, publicado em 2019 pela #palavracrua