Depois de Siderar, considerar: migrantes formas de vida, de 2017 (publicado no Brasil em 2018), em que reivindicava uma atenção e um cuidado vigilantes em relação à imensa precariedade que ronda especialmente a vida dos migrantes e refugiados na França, sempre de algum modo desconsiderados na construção de qualquer projeto de uma vida comum, Marielle Macé retomou numa perspectiva mais ampla, em 2019, o esforço de referir e reverberar ideias e estratégias para enfrentar nosso ‘mundo degradado’ e imaginar novas maneiras de vivermos nele, novas possibilidades de constituirmos laços, ou ‘nós’, mais ou menos estreitos, com os demais viventes. Nós: a palavra, fundamental para a autora, aparecerá diversas vezes ao longo da tradução para o português, ora como substantivo (traduzindo ‘noeuds’), ora como pronome pessoal (traduzindo ‘nous’), numa homofonia de nossa língua que, verá o/a leitor/a, favorece de maneira interessante certos entrelaçamentos de sentidos propostos pelo original.
About the author
MARIELLE MACÉ (1973) é pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) e professora de literatura na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS) e na Universidade de Nova York (NYU). É autora de diversos livros – dentre eles: Le Temps de l’essai (Belin, 2006), Façons de lire, manières d’être (Gallimard, 2011), Styles: Une Critique de nos formes de vie (Gallimard, 2016) e Une Pluie d’oiseaux (coleção Biophilia, José Corti, 2022), pelo qual recebeu, em 2023, o grande prêmio de não ficção da Société des gens de lettres (SGDL) – e faz parte do comitê de redação de revistas importantes como Critique e Po&sie. No Brasil, publicou em 2018, pela Bazar do Tempo, Siderar, considerar: migrantes, formas de vida.