O interior do Brasil tem sido objeto da cobiça de colonialistas internos e externos desde a Conquista. Ainda hoje, grileiros continuam a roubar terras na Amazônia, substituindo a floresta por gado e soja para exportação. Mas os povos indígenas e os posseiros resistem. E uma forma de resistência tem sido o combate à produção destrutiva por meio da instalação de reservas agroextrativistas, que reproduzem a vida através da extração duradoura da borracha ou da castanha-do-brasil, entre outras dádivas da natureza. Desde Chico Mendes, assassinado em 1988, há muitos exemplos de resistência popular contra a depredação da Amazônia. Maria e José Cláudio defenderam a floresta até a morte com verdadeira ousadia, sem ganância e com um altruísmo apaixonado pelos outros seres vivos. Este livro narra os fatos e explica os valores sociais e ecológicos em jogo no assassinato do casal — mais um dos muitos atentados que vitimam os verdadeiros ambientalistas: pobres, subalternos, indígenas, a vanguarda da preservação, os quais o trabalho de Felipe Milanez eleva a símbolo e exemplo.
— Joan Martínez-Alier
Mengenai Pengarang
Felipe Milanez é sociólogo, ecologista político e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). Realizou o doutorado em sociologia no programa de ecologia política European Network of Political Ecology (Entitle), do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, em Portugal. Foi repórter e editor nas revistas Brasil Indígena (Funai) e National Geographic Brasil, além de atuar como freelancer para diferentes publicações, como Carta Capital e Rolling Stone, e como documentarista e roteirista para Vice.com, Netflix e TV Brasil. É coautor do livro Guerras da conquista: da invasão dos portugueses até os dias de hoje (Harper Collins, 2021) e co-organizador de diversos títulos, incluindo Routledge Handbook of Latin America and the Environment (Routledge, 2023) e Memórias sertanistas: cem anos de indigenismo no Brasil (Edições Sesc, 2015).