Para passar do senso comum à consciência filosófica é necessário cultivar, de algum modo, a erudição. Mas a palavra erudição remete a um duplo e ambíguo significado. Por um lado, expressa um saber amplo e detalhado, sendo o erudito alguém que domina os pormenores da ciência ou arte que cultiva. Por outro lado, reporta-se a um sentido depreciativo, significando uma multiplicidade de conhecimentos que não se articulam orgânica e criticamente. Por esse aspecto a erudição opõe-se à cultura, sendo entendida como um saber gratuito, descolado dos efetivos modos de pensar, agir e sentir que definem a cultura. Essa ambiguidade está sugestivamente retratada na aquarela O erudito de Jean-Baptiste Debret.
Diferentemente, o quadro de Rembrandt, reproduzido na capa, permite-nos visualizar luminosamente toda a seriedade e circunspecção próprias da erudição, enquanto trabalho meticuloso que se empenha em apreender as particularidades e as múltiplas relações que caracterizam o objeto tomado para análise. Eis aí a mensagem que o presente livro pretende passar aos leitores.
Over de auteur
é graduado em filosofia (1966) e doutor em filosofia da educação (1971) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC- -SP) e livre-docente em história da educação (1986) pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tem experiência no campo da educação, com ênfase em filosofia e história da educação, pesquisando, publicando e proferindo conferências principalmente sobre os seguintes temas: educação brasileira, pedagogia e teorias da educação, filosofia da educação, história da educação, história da educação brasileira, história da escola pública, historiografia e educação, formaçãodocente, política educacional e legislação do ensino. Atualmente é professor emérito da Unicamp, pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordenador geral do Grupo de Estudos e Pesquisas ‘História, Sociedade e Educação no Brasil’ (Histedbr).