JONAS RIBEIRO – (julho 2017) Minha bisavó era espanhola e não perdia uma chance sequer de contar e recontar suas histórias. Enquanto fazia crochê, a sua língua bordava as palavras numa trama que parecia não ter mais fim. Ela se chamava Carmen, mas nós só a chamávamos de Nona Carmen. Ela deixou saudades, e acho que foi por isso que fui conhecer a Espanha. Levei um susto com a felicidade imensa que experimentei por lá e me senti completamente abraçado por Barcelona. Devia estar abraçando a minha nona querida, as minhas raízes.
O fato é que herdei da nona esse gosto pela fala e passei a contar os meus próprios ‘causos’. Só que estava se mostrando uma tarefa impossível falar para tanta gente. Passei a escrever. Gostei. Não parei mais. Havia encontrado a profissão que queria exercer. Foi realmente uma escolhe feita com o coração, a alma, com todas as minhas certezas. Hoje, vivo de livros, para os livros. Publiquei uma pilha de livros e visitei um bocado de escolas.