Um dos romances mais conhecidos de Julia Lopes de Almeida, ‘A Falência’ conta a história da família Theodoro. Francisco, o patriarca, rico e ambicioso negociante de café, constituiu sua fortuna a custa de muito trabalho e empenho pessoal. Casa-se com Camilla, uma jovem bela, porém, sem posses, com quem tem quatro filhos. A abastada família representa a ascensão urbana da burguesia carioca no auge do ciclo do café, com toda a sua glória mas também com seus vícios.
Em representação magistral da sociedade da época, Julia aborda temas como a ganância, ambição, infidelidade, adultério e a independência feminina.
Francisco, focado exclusivamente no objetivo de aumentar sua fortuna, ignora qualquer outra necessidade de sua família. Camilla, cercada dos confortos que o dinheiro pode proporcionar, vive sua vida de luxos, sempre acompanhada do Dr. Gervasio, um amigo do casal. O filho mais velho, Mario, leva uma vida desregrada e sem preocupações… É neste contexto que, após um revés em uma negociação, os Theodoro entram em falência e precisam lidar, cada um a seu modo, com uma realidade bem diferente da que conheciam
Como em muitas de sua obras Julia Lopes de Almeida aborda à necessidade da mulher estudar e se preparar para as surpresas que o futuro pode trazer.
Esta reedição, baseada na 1a. edição do livro, publicada em 1902, teve a ortografia atualizada e conta com notas explicativas, para termos e palavras fora de uso.
Over de auteur
Julia Lopes de Almeida (1862- 1934) nasceu no Rio de Janeiro e morou em Campinas (SP) da infância até a juventude, onde, com o incentivo da família, publicou sua primeira crônica, aos 19 anos, na Gazeta de Campinas. Sua produção literária é ampla, composta de crônicas, contos, peças teatrais, novelas e romances.
Julia era defensora da educação feminina, do divórcio e da abolição do regime escravocrata, temas presentes em suas obras.
Em 1887 casou-se com o poeta português Francisco Filinto de Almeida e tiveram seis filhos: Afonso (jornalista, poeta e diplomata), Adriano e Valentina (ambos falecidos na infância), Albano (desenhista e pintor), Margarida (escultora e declamadora) e Lucia (pianista).
Embora tenha sido uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, Julia não foi aceita entre seus membros pois o regimento da época só permitia homens. Mas foi reconhecida pela Academia Carioca de Letras que a homenageou com a cadeira 26, sendo a única mulher entre os 40 patronos.