Limões da Sicília, peça de ato único do escritor Luigi Pirandello, prêmio Nobel de Literatura, agora disponível em versão digital
Luigi Pirandello (1867-1936), um dos mais importantes escritores italianos do século XX, escreveu, entre outras peças, uma série de produções de ato único: O torniquete, Limões da Sicília, A patente, O homem da flor na boca e O outro filho. Esses textos, publicados agora individualmente em versão digital, foram criados a partir de histórias que o autor, ganhador do Nobel de Literatura de 1934, havia escrito anteriormente sob o formato de novelas. No teatro, o escritor siciliano levou às últimas consequências as tensões entre fato e ficção, marca fundamental de sua obra.
Limões da Sicília foi um dos primeiros textos teatrais do autor levados aos palcos, em 1910, quando Pirandello contava mais de 40 anos e uma obra-prima publicada, o romance O falecido Mattia Pascal (1904). Seu teatro já se caracterizava por diálogos cortantes e agudo senso de absurdo. Limões da Sicília fala de um duro contraste na relação entre um agricultor e uma mulher que sai da pobreza para se tornar diva da música.
A peça conta ainda com um posfácio de Maurício Santana Dias, professor de Literatura Italiana e Estudos da Tradução na Universidade de São Paulo (USP).
Over de auteur
Nascido em Agrigento, na Sicília (muitas de suas obras tiveram versões iniciais em dialeto siciliano), Luigi Pirandello viveu uma infância abastada. O pai era dono de minas de enxofre e a mãe pertencia a uma rica família da burguesia local. Seus primeiros estudos foram feitos em casa, e aos 12 anos escreveu sua primeira tragédia. Dividido entre interesses literários, que aprofundou em seus estudos em Roma, e os imperativos familiares, concordou em casar-se com Antonietta Portulano, escolhida por seu pai. O casamento foi relativamente feliz, gerando dois filhos, até que, em 1903, uma avalanche soterrou as minas da família. Antonietta teve uma crise nervosa da qual nunca se recuperou e foi internada num hospital psiquiátrico em 1919. A tragédia suscitou na vida de Pirandello profundos questionamentos pessoais e também a necessidade de sobreviver à custa do trabalho literário. Foi essa desestabilização, no entanto, que o levou a dedicar-se a sucessivas obras memoráveis nas quais as emoções humanas lutam por se inserir numa realidade opaca. Para muitos críticos, a obra de Pirandello prenunciou tendências da literatura da segunda metade do século XX, seja nos romances e dramas existencialistas de Jean Paul Sartre, seja no teatro de vanguarda de Samuel Beckett e Eugene Ionesco.