Diz-se que a história é contada pelos vencedores. No caso da sangrenta conquista do México, no início do século XVI, essa afirmação é uma meia verdade. Os sábios indígenas sobreviventes também conseguiram dizer e deixar escrito seus depoimentos sobre um dos maiores genocídios já perpetrados: ‘Tudo isso aconteceu conosco, nós vimos, nós contemplamos, ficamos angustiados com essa lamentável e triste sorte…’.
Cuidadosamente compilados pelo antropólogo mexicano Miguel Léon-Portilla (1926-2019) e publicados pela primeira vez em 1957, os textos astecas oferecem uma aterradora e trágica visão da colonização. A partir destes relatos – redigidos por sábios e sacerdotes astecas –, se obtém um panorama vívido e impressionante da derrocada da mais poderosa civilização do Novo Mundo.
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Miguel León-Portilla antropólogo e historiador, nasceu na Cidade do México e, desde muito jovem, interessou-se pelos povos originários de seu país. Estudou no Instituto de Ciências de Guadalajara e na Jesuit Loyola University, em Los Angeles. Chegou a começar os estudos em Direito, mas graças a seu tio, o arqueólogo Manuel Gamio, passou a trabalhar no Instituto Indígena Interamericano. Em 1956 defendeu sua tese de doutorado sobre o pensamento dos nahuátl, povo originário da Mesoamérica, que em seguida foi publicada no México e em vários outros países. Foi professor emérito da Universidade Autônoma do México (UNAM). Escreveu cerca de quarenta livros e 150 artigos nos quais ia além da lógica eurocêntrica da historiografia da conquista e da colonização das Américas, reconhecendo e valorizando os diferentes grupos indígenas.