Em um momento em que o Brasil está vivendo um retrocesso sem precedentes em todas as áreas, a publicação deste A palavra boniteza na leitura de mundo de Paulo Freire vem nos esperançar, porque é uma celebração do amor, da verdade, da ética e da justiça social. Esses, que são forças motrizes da filosofia e da prática educacional e de vida do Patrono da Educação Brasileira, lembram-nos de que o nosso fazer cotidiano pode, sim, fazer frente aos malefícios de um governo odioso.
Como aprendemos ao longo deste livro, boniteza tem dimensão poética, já que é palavra ressignificada – no dicionário, é sinônimo de bonito. Mas o termo freireano não tem a ver exclusivamente com a aparência. É intrínseco ao que é bom, verdadeiro, ecoa a definição platônica de belo.
Boniteza é conceito que tem a ver com a crença em um mundo mais justo. É posicionamento político. Tem a ver com direitos civis e humanos. Fala do trabalho justamente remunerado, da comida na mesa, da escola popular e democrática de qualidade.
Por isso, A palavra boniteza na leitura de mundo de Paulo Freire foi escolhido para iniciar as festividades em torno do centenário de nascimento do Patrono da Educação Brasileira, esse homem que teve a vida norteada por profundo amor e respeito. Organizado por Ana Maria Araújo Freire – conhecida como Nita Freire –, doutora em Educação e viúva do grande educador, o livro reúne quinze artigos de renomados intelectuais nacionais e estrangeiros que discutem o termo boniteza na obra de Paulo Freire e em nosso contexto atual.
A palavra boniteza na leitura de mundo de Paulo Freire é um livro imprescindível para nos mostrar que, imbuídos da potência que a boniteza nos traz, é possível lutar e trabalhar para que a educação libertadora aconteça no cotidiano, em todos os espaços.
Over de auteur
Paulo Freire (Recife, 1921–São Paulo, 1997), em 1963, em Angicos, interior do Rio Grande do Norte, coordenou uma equipe que alfabetizou trezentos trabalhadores rurais em apenas quarenta horas. Esse foi o projeto-piloto do que seria o Programa Nacional de Alfabetização do governo de João Goulart, presidente que viria a ser deposto em março de 1964. Em outubro desse mesmo ano, Freire deixou o Brasil para proteger a própria vida. Apenas voltou a visitar o país em 1979, com a abertura democrática. Ao longo de sua história, recebeu 42 títulos de doutor honoris causa, além de títulos de professor emérito, distinguished educator e investigador emérito, de diversas universidades nacionais e estrangeiras, além de inúmeros prêmios, como Educação para a Paz, da Unesco, e Ordem do Mérito Cultural, do governo brasileiro. Integra o International Adult and Continuing Education Hall of Fame e o Reading Hall of Fame.