A disputa por protagonismo de uma narrativa não é coisa dos dias atuais. No ano de 1893 estourou no Sul do Brasil a revolução que ficou conhecida como Guerra das Degolas. Enquanto os caudilhos moviam as peças nos campos de batalha, Tarcísio lutou junto às tropas de Gumercindo Saraiva em busca de vingança: tinha contas a acertar com o soldado castilhista Hermano López.
Conduzido por Brida, sua esposa morta, o protagonista se envolve em uma jornada de confrontos cheios de sangue e carentes de sentido, em que a loucura estava sempre à espreita. Mais do que isso: A narradora conta uma história sob o ponto de vista que foi apagado pela historiografia oficial. Ao mesmo tempo em que dá luz aos motivos dos maragatos, Brida expõe aos leitores faces nem um pouco glamurosas de uma revolução conduzida por homens que, em última instância, defendiam seus próprios interesses. Nessa defesa, as pessoas comuns dos campos eram apenas peças de um jogo que sequer compreendiam.
Over de auteur
Rodrigo Tavares nasceu em Bagé, em 1986. Idealizador e realizador do Fest Fronteira Literária, é autor de Noite escura (2009), Andarilhos (2017) e Ainda que a terra se abra (2020).