Se a vida fosse um advérbio, ela seria quiçá. Cheia de possíveis, plena de incertezas. Planos, sonhos, amanhãs inventados. Quem sabe o que será? Amanhã ou na próxima página? Nesse livro ilustrado, que é um espanto, mas também um convite para a imaginação, o leitor caminha, junto com as personagens, entre a incerteza e a ilusão do controle, a possibilidade de se lançar e o recuo, a vontade de se agarrar ao conhecido e o convite ao completamente novo. Abrir ou fechar? As Personagens são, elas mesmas, enigmas. São pessoas, são formas? Podem ser bichos? Dois seres-formas que dialogam, se encontram e se afastam, e se provocam, nos provocando também: o que há logo ali, nesse imenso quiçá?
Over de auteur
Eu me chamo Tatiana Filinto e nasci no século passado, em 1973 na cidade de São Paulo. Adoro dizer: século passado. Gosto muito dessa ponte entre tempos e mundos. Já contava, lia e inventava muitas histórias para crianças desde o começo dos anos 90 quando, caminhando numa praia bem longe daqui, longe mesmo até do Brasil, tropecei na narrativa inteirinha do meu primeiro livro-álbum. Estava ali, em forma de ilha, o segredo que eu queria partilhar. O segundo livro veio picado: ouvindo uma autora falar de seu romance, comecei juntar anotações em pedaços de sulfite, envelopes, páginas e páginas de caderninhos dentro da bolsa. A cena de infância da escritora acabou nutrindo a pesquisa da história que gostaria de contar. Do terceiro livro, lembro que o título saltou bem na minha frente durante uma sessão de análise (sou psicanalista também) e dali pro texto, foram inúmeras escritas e reescritas até o menino personagem desencontrar seu rumo. Para mim, as histórias estão por aí o tempo todo, e eu continuo escutando e escrevendo textos retirados do que percebo do mundo, interessada no que faz festa, o que neblina, no barulho que faz dentro de cada um.
Flávia Bomfim é também artista visual e ilustradora. Organiza, em Salvador, desde 2013, o Festival de Ilustração e Literatura Expandido (FILEXPANDIDO) e a Feira Ladeira de Arte Gráfica e Publicação Independente, promovendo instâncias de cocriação e investigação sobre literatura ilustrada e cultura visual. Organizou exposições nacionais e internacionais de ilustração. Criou capas de livros para diversas editoras brasileiras, ilustrou para o Le Monde Diplomatique e a Folha de S.Paulo, além de revistas internacionais. Tem interesse especial pelo livro ilustrado, acontecimento gráfico que investiga, projeta, ilustra e escreve. Fundou a editora Movimento Contínuo e atualmente colabora no projeto FLAMA de criação coletiva. Em 2021, recebeu o prêmio Green Island pelo Nami Concours (Coréia) com ilustrações para o livro O adeus do marujo (Pallas, 2022), que foi eleito pela Revista Quatro Cinco Um o melhor infantojuvenil de 2022, e que, em 2023, recebeu Menção Especial pela Bologna Children´s Book Fair.