Contos completos de Lu Xun, o principal escritor chinês do século XX, são um retrato agudo das tradições e mitos da China.
Considerado o maior escritor chinês do século XX, Lu Xun (1881-1936) se destacou sobretudo por seus contos, reunidos aqui em O diário de um louco – Contos completos de Lu Xun, que compreende as três coletâneas de histórias curtas publicadas pelo autor: O grito, Hesitação e Histórias antigas recontadas.
Nelas se encontra um autor irônico e profundamente crítico das tradições de seu país, e também um painel de tintas fortes da cultura chinesa, sua rotina e seus mitos. Lu Xun destacou-se pela sutil mordacidade com que aborda o modo de ser e pensar dos chineses, e procurou trazer para sua obra literária as influências que recebeu de autores europeus, sobretudo os russos, além das novidades da ciência ‘estrangeira’, como o evolucionismo darwinista e a medicina moderna. Muitos de seus contos abordam costumes arcaicos, entre eles a ingestão de pão embebido em sangue humano como medicamento, a obrigatoriedade draconiana do uso de tranças e a posição subalterna das mulheres na sociedade chinesa. O olhar crítico intercala-se com contos que elogiam o amor conjugal e fraternal; outros ainda abraçam o elemento fantástico das fábulas chinesas.
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Lu Xun (1881-1936) nasceu na cidade de Shaoxing, província de Zhejiang. Durante seus 55 anos de vida, a China passou por grandes transformações. Em 1912, a dinastia Qing do império Manchu cedeu lugar à República da China, como resultado de movimentos revolucionários.
A família do escritor era de proprietários de terras ricos e letrados. Contudo, um escândalo de suborno envolvendo seu avô levou o clã à decadência moral e financeira. Lu Xun foi morar com a avó na província, o que permitiu a convivência com camponeses, protagonistas da maioria de seus contos.
Em 1919, ele foi um dos principais líderes do Movimento 4 de Maio, quando universitários deram início a protestos contra a concessão de antigos territórios alemães aos japoneses determinada pelo Tratado de Versalhes. As manifestações se expandiram e foram fundamentais para a renovação cultural chinesa, que daria os contornos ao país no século XX.