O grande poeta Paul Valéry (1871-1945) foi também um ensaísta com vasta e importante produção. Escreveu sobre os mais variados assuntos – desde a dança, passando pela pintura, pela política e pela filosofia.
Estão reunidos nesse livro seus mais relevantes ensaios de filosofia. O leitor verá que é amplíssimo o leque de interesses do ensaísta. Há textos sobre autores como Nietzsche e Edgar Allan Poe, sobre o ofício do cirurgião, o corpo e o sonho. Há também um primoroso estudo sobre Leonardo da Vinci e a filosofia.
Nesse conjunto de reflexões de filosofia se destacam os textos sobre Descartes. À primeira vista pode parecer intrigante o interesse do poeta pelo pensador que fundou o racionalismo na Filosofia Moderna. A leitura dos ensaios sobre o grande filósofo mostra que Valéry mergulhou fundo em sua obra e operou uma espécie de transmutação de tudo que tem sido dito sobre Descartes.São cinco ensaios que obrigam o leitor a deixar de lado o já conhecido para se aventurar na descoberta de um novo Descartes.
A força de pensamento encontrada nos ensaios de Valéry explica-se pelos caminhos livres na filosofia que a poesia entreabre. Se fosse possível resumir em uma fórmula, Valéry explora o que há entre o Ser e o Não-ser. Ele incorpora ao pensamento uma dimensão temporal, de modo que é possível afirmar que a sua é uma filosofia do sendo.
About the author
Paul Valéry, poeta, ensaísta, crítico de arte, pensador, nasceu em Sète, na França, em 1871, e morreu em 20 de julho de 1945, em Paris. Fez seus estudos em Montpellier, onde se formou em Direito. Instalou-se em Paris em 1894, onde viveu um longo período de silêncio poético até que, em 1917, sob influência de André Gide, volta a escrever e publica o poema ‘A jovem parca’, que o tornou imediatamente célebre. A este logo seguiram ‘O cemitério marinho’ (1920) e ‘Charmes’ (1922), que o consagraram como um dos grandes poetas franceses. Profundamente marcado por Stéphane Mallarmé, assume a reflexão sobre a linguagem, a forma, o sentido e a inspiração poéticas como meio de conhecimento do mundo. Sua obra está nitidamente marcada pela elaboração de uma poética do pensamento, que pode ser acompanhada ao longo de seus Cadernos [Cahiers], escritos entre 1894 e a sua morte em 1945. Depois da Primeira Guerra Mundial, já muito célebre, Valéry faz inúmeras viagens e assume diferentes funções dentre as quais a de membro da Academia Francesa em 1925 e professor de poética no Collège de France. Paul Valéry influenciou várias gerações de artistas, poetas e filósofos, como Rainer Maria Rilke, T. S. Eliot e James Joyce. Suas reflexões sobre o mundo contemporâneo, a crise do espírito e a relação entre filosofia, ciência e técnica marcaram vários pensadores contemporâneos como Jacques Derrida. Seus escritos sobre a relação entre arte e pensamento foram decisivos para Maurice Merleau-Ponty e para a elaboração de inúmeras propostas dos ciclos Artepensamento organizados no Brasil pelo filósofo Adauto Novaes.