Os desenhos do livro ABCenário, de Alex Lutkus, abrem, creio, uma janela nova no rico panorama dos livros ilustrados brasileiros. Para além da técnica primorosa, são imagens que remetem à metáfora visual, misturam realismo com surrealismo, técnica com poesia e, assim, acabam por criar situações inventivas, inesperadas e insólitas. Enquanto isso, os textos de Leo Cunha surgem como comentários bem-humorados, poéticos e ligeiros que dialogam e brincam com as ilustrações, dando a elas novos e ricos significados. Como resultado, a conversa entre os desenhos e os textos consegue virar o velho e bom alfabeto de cabeça para baixo. Que legal que leitores de qualquer idade possam ter nas mãos um livro como este!
O autorze
Alex Lutkus
Sou designer e ilustrador desde 1976, mas ABCenário é o meu primeiro livro para crianças.
Até hoje, já criei milhares de imagens para revistas, capas de livros e até mesmo para projetos da NASA e da ESA, agências que comandam os programas espaciais dos Estados Unidos e da Europa. Será que isso me ajudou a inventar os ETs desse livro?
Leo Cunha
Em 2011, eu comemorei 20 anos de literatura. Nesse período, publiquei mais de 40 livros para crianças e adolescentes. Em quase todos, eu escrevi o texto e depois fiquei esperando, ansioso, o que o ilustrador iria criar a partir da minha prosa ou poesia.
Agora, no ABCenário, a história se inverteu: o Alex criou primeiro as imagens e depois eu cheguei para 'ilustrar com palavras’. E que desafio foi esse! Uma mistura de matemática e magia, como diz um dos poemas do livro.