Passarinho me contou que certa vez havia um reino. E, nesse reino, um rei havia. Havia também muita coisa bonita, coisa que nem se imagina. Havia sol e havia mar. Muito sol. Muito mar. Assim começa mais uma história criada por Ana Maria Machado, em que um rei acreditava que seu país era deslumbrante, perfeito, um verdadeiro paraíso para se viver. Por isso, ele se surpreendeu quando um viajante muito idoso o procurou para lhe dizer que no reino havia um problema. No entanto, o visitante morre antes de dizer qual era o problema. Para o rei, que não via nada de errado, porque vivia da imagem construída por ele e por aqueles que estavam acostumados com o lugar, descobrir tal problema seria uma tarefa quase impossível. Uma narrativa instigante que trata de forma sensível e lédica a questão do saber olhar, perceber o outro e o mundo a sua volta.
O autorze
Ana Maria Machado iniciou sua carreira como pintora. Estudou no Museu de Arte Moderna e participou de exposições individuais e coletivas. Estudou Letras, foi professora em colégios e faculdades, e trabalhou em jornais e revistas do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Em janeiro de 1970, saiu do Brasil. Na Europa, trabalhou como jornalista na revista Elle, em Paris, e na rede BBC, em Londres. Tornou-se professora da Universidade Sorbonne. Foi aluna e orientanda do escritor Roland Barthes, tendo apresentado sua tese de doutorado na área de Linguística e Semiologia. O livro Recado do Nome, que trata da obra de João Guimarães Rosa, é resultado dessa tese.
Voltou ao Brasil no fim de 1972, quando começou a trabalhar no Jornal do Brasil e na Rádio JB, onde foi chefe do setor de Radiojornalismo. Em 1978, recebeu o prêmio João de Barro pelo texto História Meio ao Contrário, que depois de editado recebeu o prêmio Jabuti. Abriu a primeira livraria infantojuvenil do país em 1979, a Malasartes, e a gerenciou por 18 anos. Ao mesmo tempo, foi desenvolvendo sua carreira de escritora e prosseguiu no jornalismo.
De tão premiada no Brasil e no exterior, acabou se tornando hors-concours do prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), em 1993, e do prêmio Ibero-Americano de Literatura Infantil, em 2006. Em 2000, recebeu o Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura para crianças. Finalmente, em 2001, a Academia Brasileira de Letras (ABL) lhe concedeu o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.
Em 2003, foi eleita para a cadeira número 1 da ABL, que presidiu de 2011 a 2013 e onde ainda hoje desenvolve intensa atividade de divulgação da literatura nacional.
Pela Global Editora, Ana Maria Machado publicou as seguintes obras: A Grande Aventura de Maria Fumaça (edições em português e espanhol); Mistérios do Mar Oceano; Um Montão de Unicórnios; Brincadeira de Sombra (edições em português e espanhol); Eu Era um Dragão (edições em português e espanhol); Gente, Bicho, Planta: o Mundo me Encanta; Quem Perde Ganha; Quem Foi que Fez; Alguns Medos e Seus Segredos; Passarinho me Contou; Maré Baixa, Maré Alta (edições em português e espanhol); Curvo ou Reto – Olhar Secreto; Amigo é Comigo; O Menino que Espiava pra Dentro; Meu Reino por um Cavalo; Caro Professor; O Natal de Manuel e O Elfo e a Sereia. Como tradutora, publicou Nicolão e Nicolinho, de Hans Christian Andersen, e A Bela Adormecida no Bosque, de Charles Perralt. Foi a organizadora de João Cabral de de Melo Neto – Um Autor em Perspectiva.
Dois selos pertencentes ao Grupo Editorial Global também lançaram obras da autora. A Editora Gaia publicou Sinais do Mar e Senhoras dos Mares, além da tradução de Como Eu Vejo as Coisas, de Sirish Hao. Já a Gaudí Editorial publicou a tradução da obra Em Fuga, de Pimm van Hest.