A correspondência entre Espinosa e Oldenburg é a mais numerosa entre o epistolário espinosano e era, até aqui, inédita em português. Esta edição traz, além das cartas no original em latim e sua tradução para o português, análises sobre cada uma das cartas e uma rica introdução escrita pelo tradutor Samuel Thimounier Ferreira.
Amigos distantes, no espaço e no pensamento, Bento de Espinosa e Henry Oldenburg mantiveram um expressivo contato mediado por cartas, entre 1661 e 1676. Da metafísica à religião, passando pela química e pela ética, eles tratavam de vários assuntos particulares e compartilhavam notícias dos achados científicos e das lutas políticas que os rodeavam em pleno século XVII. Ao longo desse intercâmbio de ideias e informações, Espinosa esteve preparando sua obra maior, a Ética.
A relevância e a qualidade deste livro devem reluzir, de pronto, a autoridade das palavras de Goethe: 'sua correspondência [de Espinosa] é o livro mais interessante que se pode ler no mundo de sinceridade e de filantropia’. Documento interessantíssimo e apaixonante, que carrega um conteúdo filosófico de primeira ordem, capaz de verter luz reveladora sobre aspectos importantes da gênese, do debate e da formulação do pensamento de Espinosa.
O autorze
Baruch de Espinosa nasceu em 1632, em Amsterdã, filho de judeus ibéricos que, fugindo da Inquisição, haviam se instalado na cidade. Aos 23 anos, foi excomungado e teve de abandonar a comunidade judaica em que crescera. A partir daí, vive em várias cidades holandesas, trava contatos com grandes expoentes da vida intelectual da época e produz uma das mais importantes obras de toda a história da filosofia. Em vida, Espinosa publicou dois textos: os Princípios da filosofia cartesiana e Pensamentos metafísicos, em 1663, e o Tratado teológico-político, aparecido anonimamente em 1670. No ano de sua morte, 1677, amigos publicaram em latim e holandês as suas Obras póstumas, que incluíam o Tratado da emenda do intelecto, o Compêndio de gramática da língua hebraica, o Tratado político, a maior parte de sua correspondência e, principalmente, a Ética demonstrada segundo a ordem geométrica, sua obra mais importante. Em meados do século XIX, descobriram-se cópias de um trabalho inédito, o Breve tratado de Deus, do homem e do seu bem-estar.