Desde, pelo menos, a década de 1960, Heloisa Teixeira – que durante a maior parte da sua vida usou o sobrenome Buarque de Hollanda – vem imprimindo uma forte marca no cenário cultural brasileiro como uma espécie de antena, ou bússola, ao antever, apontar, apresentar e traduzir uma série de movimentos e tendências. Foi assim quando, ainda na década de 1970, deu corpo à produção de poetas marginais; mapeou, anos mais tarde, as teorias e ondas feministas, e chamou a atenção para as expressões artísticas e os conhecimentos das periferias, já nos anos 2000. Na universidade, onde construiu uma sólida carreira como orientadora de gerações, e no mundo editorial, como editora e autora, Helô operou significativas mudanças influenciando mentalidades e comportamentos. Esse percurso que nasce com uma licenciatura em Letras Clássicas e permanece em curso na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Universidade das Quebradas, e em uma série de livros, é apresentado aqui por André Botelho e Caroline Tresoldi, a partir de um levantamento minucioso e de uma análise iluminadora. Como resultado, temos a oportunidade inédita de acompanhar a construção de uma carreira em que a crítica cultural se mistura com a vida, um conjunto de escolhas e contextos que forjaram o pensamento e a atuação engajada de uma das mais inspiradoras intelectuais brasileiras dos últimos cinquenta anos.
O autorze
André Botelho é professor titular do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É organizador de 'Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país’ (2009) e 'Agenda brasileira’ (2011), ambos com Lilia Moritz Schwarcz, e autor, entre outros livros, de 'O modernismo como movimento cultural’ (2022).