Roteiros para uma vida curta – que foi Menção Honrosa no Prêmio SESC de Literatura em 2014 – reúne 25 textos de diferentes momentos da trajetória da escritora e jornalista paulistana Cristina Judar.
A liberdade de criação e o mergulho na vertigem da linguagem são algumas das características da literatura de Cristina, que se fazem presentes em textos que habitam o limiar entre prosa e poesia, o diálogo, o esboço e, porque não, o roteiro, criados a partir de vários estímulos, como fotos anônimas antigas, um disco inteiro, um trecho de conversa que escapou da janela do apartamento vizinho, um filme, entre outros.
A sonoridade das palavras também é algo recorrente nos textos – o conto 'Nexo’ é o melhor exemplo disso. Com um preciso encadeamento de palavras, o texto dá origem a novos sentidos e gera um entendimento inédito sobre as palavras, fazendo surgir narrativas submersas, que também ficam a cargo do leitor (coautor).
Cada texto é o esboço de uma experiência radical, um microcosmo, mais ou menos como aquele choque irreversível quando um rosto familiar se associa a uma fragrância desconhecida, ou certa palavra é dita num contexto deslocado, e imaginamos que uma nova realidade se instaura sutilmente, única, e ninguém percebe. A tarefa do escritor, sua condenação, é permanecer alerta e com os nervos expostos a todo movimento, gesto, frase, para conduzir o leitor 'ao mundo das nuances.
O autorze
Cristina Judar nasceu em São Paulo. É escritora e jornalista, autora do romance 'Oito do sete’ (2017, Editora Reformatório) livro vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura – melhor romance na categoria estreante (2018) e finalista do Prêmio Jabuti do mesmo ano e do romance 'Elas marchavam sob o sol’ (2021, Editora Dublinense). Também autora dos HQs 'Lina’ e 'Vermelho Vivo’.