Na crônica 'Memórias de uma forca’, publicada em 'Prosas bárbaras’, Eça de Queiroz adota uma abordagem original: a história é narrada por uma forca, um objeto utilizado para executar condenados por enforcamento. Com tom memorialístico e irônico, a forca relembra sua existência desde o tempo em que era apenas uma árvore, até a sua transformação em instrumento de morte. Ao transformar a forca em narradora, Eça de Queiroz constrói uma crítica direta e irônica à pena de morte, que ainda era praticada em Portugal no século XIX.
O autorze
José Maria de Eça de Queiroz nasceu em Póvoa de Varzim, Portugal, em 25 de novembro de 1845, e faleceu em Neuilly-sur-Seine, França, em 16 de agosto de 1900. Foi escritor e diplomata, tendo atuado em cargos consulares em Havana, Newcastle upon Tyne, Bristol e Paris. Autor de romances, contos, crônicas e cartas, destacou-se pela observação crítica da sociedade portuguesa do século XIX. Entre suas obras mais conhecidas estão 'O Crime do Padre Amaro’, 'O Primo Basílio’, 'Os Maias’ e a coletânea 'Prosas bárbaras’.