Colocado pela crítica entre os romances mais notáveis de Dostoiévski, 'Humilhados e Ofendidos’ é um retrato contundente e profundo da vida nas grandes cidades. Escrito para ser publicado em jornal, sua narrativa ágil atrai o leitor do começo ao fim, envolvendo-o em uma atmosfera de grande tensão psicológica. A história, que tem como principais personagens uma família empobrecida, um príncipe e um escritor, mostra como a fortuna e o poder, aliados à argúcia, podem dominar completamente as relações humanas. O amor entre o jovem Aliocha, filho de um nobre, e Natacha não deve se consumar. A menos que os interesses egoístas de seu pai possam ser alcançados. Mas o passado traz a esse cenário uma lembrança terrível na figura de uma órfã, maltratada por sua patroa e obrigada a submeter-se a todo tipo de humilhação. Fiódor Dostoiévski notabilizou-se pela incrível capacidade de desnudar os mais profundos pensamentos humanos, dando a obras como 'Crime e castigo’ e 'Irmãos Karamázov’ a condição de obras-primas de criação literária e precursoras dos personagens e narradores intimistas, como os de Saramago. Esta brilhante tradução de Klara Gourianova – que também assina as versões, diretas do russa, a Aldeia de Stiepântchikov e seus habitantes, ambas igualmente publicadas pela Nova Alexandria – possibilita ao leitor brasileiro o contato renovado com uma obra fundamental e de leitura inesgotável, situada entre as mais importantes que o gênio de Dostoiévski concebeu.
O autorze
Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (Moscou, 11 de novembro de 1821 — São Petersburgo, 9 de fevereiro de 1881) foi um escritor, filósofo e jornalista do Império Russo. É considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história, bem como um dos maiores 'psicólogos’ que já existiram (na acepção mais ampla do termo, como investigadores da psiquê). Entre outros temas, a obra do autor explora o significado do sofrimento e da culpa, o livre-arbítrio, o cristianismo, o racionalismo, o niilismo, a pobreza, a violência, o assassinato, o altruísmo, além de analisar transtornos mentais, muitas vezes ligados à humilhação, ao isolamento, ao sadismo, masoquismo e ao suicídio. Pela retratação filosófica e psicológica profunda e atemporal dessas questões, seus escritos são comumente chamados de romances filosóficos e romances psicológicos.