Com telas que organizam o trabalho e o lazer, aplicativos que direcionam tanto a disputa política quanto os contatos amorosos, não há mais como negar que vivamos em uma 'sociedade do espetáculo’. Mas o que, exatamente, isso quer dizer? A expressão 'sociedade do espetáculo’ foi forjada em 1967 por Guy Debord (1931-1994), não apenas como categoria descritiva, mas como parte de uma teoria revolucionária que ajudaria a incendiar Paris em Maio de 1968. Em Crítica do espetáculo: o pensamento radical de Guy Debord, o historiador Gabriel Zacarias retoma as origens da teoria do pensador francês, a fim de reencontrar sua radicalidade, propondo uma mirada crítica da representação. Uma das vozes mais importantes na compreensão do legado crítico da Internacional Situacionista, Zacarias traz uma análise completa e atual do pensamento de Guy Debord. Apresenta primeiramente um estudo detalhado dos dois principais trabalhos teóricos do autor e suas relações com a filosofia de Hegel e de Marx. A obra maior de Debord, A sociedade do espetáculo (1967), é aqui destrinchada e revelada em sua complexidade, tornando-se, ao mesmo tempo, mais acessível. Sua obra tardia, Comentários sobre a sociedade do espetáculo (1988), raramente discutida, recebe estudo atento e aparece como ponto de inflexão importante no pensamento do autor. A teoria de Debord é também contextualizada em sua época, com diálogos com outros autores (como Henri Lefebvre, Herbert Marcuse e Joseph Gabel) sendo estabelecidos através de uma ampla pesquisa documental. Por fim, Gabriel Ferreira Zacarias propõe uma reflexão sobre a teoria em nosso tempo, pensando sobre a 'atualidade radical’ do pensamento de Guy Debord.
O autorze
Gabriel Ferreira Zacarias é professor de História da Arte na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi professor visitante na Universidade Yale, nos Estados Unidos. Na França, passou pela École des Hautes Études en Sciences Sociales e pelas universidades de Perpignan, Estrasburgo e Paris X. Esteve entre os primeiros a estudar os arquivos de Guy Debord na Biblioteca Nacional da França e hoje é uma das principais referências nos estudos sobre o movimento situacionista. Apresentou a coletânea de notas inéditas de Debord, Poésie, etc (L’échappée, 2019) e co-organizou, com Alastair Hemmens, o livro The Situationist International: A Critical Handbook (Pluto Press, 2020). Pela Editora Elefante, publicou No espelho do terror: jihad e espetáculo (2018) e, como coautor, Capitalismo em quarentena: notas sobre a crise global (2020).