Versão para os quadrinhos de um dos mais famosos poemas indianistas do romantismo brasileiro: I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias. Publicado em 1851, o poema apresenta em 10 cantos a história do grande guerreiro tupi I-Juca Pirama e o drama de sua captura pela tribo dos índios timbiras. I-Juca Pirama – cujo nome significa, em tupi, 'aquele que há de ser morto’ -, ao cumprir a exigência de entoar seu canto de morte antes de ser sacrificado e devorado pelos inimigos, pede que o deixem viver para cuidar do pai doente. Seu pedido é interpretado como covardia e ele é solto, e a partir daí a história se desenrola até que ele possa provar sua coragem e recuperar a sua honra. Laerte Silvino esmerou-se na escolha de cores, texturas e atmosferas para compor suas imagens, e contou com a contribuição de Maurício Soares Filho na elaboração do roteiro, que certamente aproximará as novas gerações dessa história romântica que expressa um rígido código de ética de um povo.
O autorze
Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) nasceu no Maranhão, filho de um comerciante português e de uma mestiça. Teve pouca convivência com sua mãe biológica, pois seu pai abandonou-a e levou-o consigo. Com a morte do pai, ele contou com sua madrasta para ajudá-lo a realizar o projeto de estudar em Coimbra. Em Portugal, precisou contar ainda com a ajuda de colegas para conseguir concluir o curso de Direito. Nessa mesma época tomou contato com a primeira geração do romantismo português, que mais tarde influenciaria seus poemas.
De volta ao Brasil, radicou-se no Rio de Janeiro, onde lecionou latim, história e participou da fundação da revista Guanabara. Nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros, voltou para a Europa em missões de estudos e pesquisas. Em seguida desenvolveu a mesma atividade no Brasil, como chefe da Comissão Científica de Exploração que viajou pelos rios Madeira e Negro. Dessas viagens nasceu o Dicionário da Língua Tupi, que atesta o seu conhecimento e envolvimento com a cultura indígena.
Da produção poética, seus Primeiros Cantos (1847) receberam resenha elogiosa de Alexandre Herculano. 'I-Juca Pirama’ faz parte dos Últimos Cantos, publicados em 1850. Sua obra chegou a ser editada na Alemanha, inclusive o dicionário tupi. Seu poema mais popular – 'Canção do exílio’ – foi escrito numa viagem à Coimbra em 1862. Gonçalves Dias morreu dois anos depois, aos 41 anos de idade, em um naufrágio próximo à costa maranhense.
Laerte Silvino – Silvino, como assina seus trabalhos – nasceu em Recife (PE), cursou geografia e, após viajar por várias áreas exóticas do país, resolveu se dedicar à ilustração e aos quadrinhos, trocando assim a liberdade das paisagens pelas quatro paredes de seu estúdio. Desde esse dia ilustrou para alguns jornais em Pernambuco e, atualmente, para alguns jornais do Nordeste; também ilustra e faz quadrinhos com frequência para revistas de circulação nacional e livros infantis, juvenis e didáticos.