Este livro reúne dois ensaios em defesa dos direitos das crianças. O primeiro, 'O direito da criança ao respeito’, foi escrito em 1929 pelo pediatra, pedagogo e jornalista polonês Janusz Korczak, de tradição judaica. O segundo, intitulado 'Os direitos da criança’, foi escrito em 1986 por Dalmo de Abreu Dallari, jurista e educador brasileiro, de tradição católica. Os dois autores, distantes no tempo e no espaço, tiveram a vida marcada pela oposição a regimes opressores – o nazismo na Europa e a ditadura civil-militar no Brasil – e têm em comum um olhar de profundo respeito pela criança e pela infância. O prefácio da obra é do reverendo Jaime Wright, que teve papel fundamental na defesa dos direitos humanos em nosso país. O livro conta, ainda, com uma versão condensada dos dez princípios da Declaração Universal dos Direitos da Criança, de 1959. Obra essencial para iluminar as discussões sobre a proteção à infância em nossos dias.
O autorze
Janusz Korczak, pseudônimo de Henryk Goldszmit, foi pediatra, pedagogo, jornalista, escritor e ativista polonês e dedicou a vida à causa das infâncias. Nasceu em Varsóvia, em 1878, no seio de uma próspera família judaica. Formou se em Medicina pela Universidade de Varsóvia e se notabilizou por seu trabalho de atendimento a crianças carentes e órfãs. Fundou o orfanato Dom Sierot, onde colocou em prática sua visão revolucionária de uma educação baseada na democracia, na autogestão e no direito das crianças à liberdade e a uma vida digna. Escreveu muitos livros, dentre os quais se destacam Quando eu voltar a ser criança, de 1926, e O direito da criança ao respeito, de 1929. Durante a ocupação nazista na Polônia, seu orfanato funcionou dentro do gueto de Varsóvia e abrigou cerca de 200 crianças judias. Morreu em 1942, assassinado junto com elas, no campo de extermínio de Treblinka.
Dalmo de Abreu Dallari nasceu em 31 de dezembro de 1931 em Serra Negra (SP). Graduou se na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) em 1957, onde mais tarde obteve a livre docência. Ainda na juventude passou a atuar em defesa dos direitos humanos. Como professor e jurista, teve papel ativo na luta contra a ditadura civil-militar que se instalou no país em 1964. Por seu ativismo, foi alvo de perseguição política e chegou a ser espancado. Ao longo da década de 1980, contribuiu de maneira significativa com a Assembleia Constituinte que culminou na promulgação da Constituição Federal de 1988. Dallari jamais se omitiu diante de situações de injustiça. Faleceu em 8 de abril de 2022, em sua casa, em São Paulo, aos 90 anos, por insuficiência respiratória. Deixou esposa, sete filhos, 13 netos e dois bisnetos, e entrou para a história como um dos maiores juristas brasileiros.