Romance do século XIX, clássico da literatura portuguesa. Júlio Dinis nos traz uma obra escrita de forma clara e agradável, semelhante aos romances de folhetim. Um abastado lavrador de uma área rural portuguesa tem dois filhos: Pedro, prático e racional, e Daniel, sonhador e sem preocupações com o futuro. Como sugestão do reitor da paróquia local, Daniel é enviado para o Porto, de onde volta formado em medicina e com ideias liberais que vão conflitar com o conservadorismo da aldeia. Sua vida cruza com as de Margarida e Clara, órfãs entregues aos cuidados do reitor, e as desventuras amorosas envolvendo Daniel, Pedro e as irmãs vão movimentar a pacata cidade. As pupilas do senhor Reitor confronta dois mundos: um conservador, beato, machista, e outro mais livre, laico, constitucional. Assim, temos uma trama que, além de nos servir de base para compreender certo passado, dialoga com o presente de maneira substancial.
O autorze
Júlio Dinis (1839-1871), pseudônimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, foi um médico e escritor português, nascido no Porto. Utilizou pela primeira vez em 1860 o pseudônimo que o tornaria famoso ao escrever textos de poesia para a revista Grinalda. Suas principais obras são As pupilas do Senhor Reitor, A morgadinha dos canaviais e Os fidalgos da Casa Mourisca. O romance rural foi a maior paixão literária de Dinis, e a ambientação apareceu em diversos de seus livros. Apesar de ser contemporâneo dos ultrarromantistas, pode ser considerado um precursor das correntes do realismo e do naturalismo em Portugal, devido a sua visão mais realista do que a dos românticos. Sucumbiu à tuberculose, aos 32 anos.