Sátira política publicada originalmente em folhetim, Numa e a ninfa inaugura uma nova forma literária praticada pelo escritor brasileiro Lima Barreto
Quando começou a ser publicado, na forma de folhetins, em março de 1915, foi anunciado pelo jornal A Noite como um texto que 'romanceava vários escândalos dos milhares que assinalaram o governo Hermes como o mais corrupto da história’. A obra retrata a trajetória de Numa Pompílio de Castro, um bacharel em Direito medíocre, acomodado, sem qualquer predicado exceto a persistência, que, ao se casar com a filha do governador, conquista uma cadeira de deputado federal na Câmara. 'Numa é o exemplo perfeito da figura do doutor tão criticada por Lima Barreto em toda a sua obra’, considera Beatriz Resende. A partir da história desse 'brâmane privilegiado’ – que ganhará certo reconhecimento intelectual graças a Edgarda Cogominho, sua esposa e ninfa –, Lima descreve o universo de falcatruas, desmandos e vantagens da vida política da capital federal durante o processo de votação de uma proposta para a criação de um novo estado. Para a ensaísta, foi com Numa e a ninfa que Lima Barreto estabeleceu uma nova relação com a imprensa de sua época, 'indicando um reconhecimento pouco apresentado da importância desse mulato, morador de subúrbio carioca, na vida literária de seu tempo’.
O autorze
Afonso Henriques de Lima Barreto, (Rio de Janeiro, 13 de maio de 1881 – Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1922) mais conhecido como Lima Barreto, foi um jornalista e escritor que publicou romances, sátiras, contos, crônicas e uma vasta obra em periódicos, principalmente em revistas populares ilustradas e periódicos anarquistas do início do século XX. Sua obra vem sido constantemente reavaliada pela crítica, e hoje o autor é tido como um dos grandes nomes da história literária brasileira.