’A dor é uma das coisas mais importantes da minha vida.’ – Marguerite Duras
Em meados dos anos 1980, Marguerite Duras encontra, nos armários de sua casa de campo, uma série de diários escritos na juventude. Nestas páginas, tomadas por uma pequena letra e rasuras, ela descreve a angústia vivida durante a Segunda Guerra Mundial, diante da França ocupada e da espera dilacerante pelo retorno de seu marido, Robert Antelme, preso e enviado para um campo de concentração na Alemanha.
Entre a memória e a literatura, Duras desenha todo o contexto em que circulam pelas ruas de Paris membros da polícia nazista, uma elite francesa colaboracionista, milicianos e resistentes – personagens reais da história, como ela, que busca notícias do marido em almoços com um membro da Gestapo e participa da sessão de tortura de um delator ao lado dos companheiros da Resistência. O testemunho e a emoção dos acontecimentos vividos fazem de A dor uma das obras mais importantes da autora, como ela mesma declara.
– Edição com o texto inédito 'O horror de um tal amor’, traduzido por Laura Mascaro, publicado na revista Sorcières. Les femmes vivent em 1976 e em Outside, em 1981.
– Capa e páginas manuscritas do Cahier de 100 pages [Caderno de 100 páginas], diário onde Duras anotou os eventos que deram origem ao livro A dor. Impressão do caderno em cores.
O autorze
MARGUERITE DURAS nasceu em 1914, na Indochina, atual Vietnã, onde passou toda a infância. Filha de pais franceses, mudou-se em 1932 para Paris, aos 18 anos, para seguir seus estudos. Durante a Segunda Guerra, junto com o seu primeiro marido, Robert Antelme, integrou- se à Resistência francesa. Em 1943, lançou seu primeiro livro, Les impudents, dando início a uma vasta produção, que inclui romances, teatro e roteiros para o cinema. Em 1984, recebeu o prêmio Goncourt por O amante, um de seus livros de maior sucesso. No ano seguinte, lançou A dor, obra adaptada para o cinema em 2018. Duras morreu em Paris, em 1996.