Astrojildo Pereira, um dos nove fundadores do Partido Comunista do Brasil (PCB), morreu convencido de que o partido sempre acertava, até quando errava. Aceitava o mote de que era melhor errar coletivamente do que acertar individualmente. Anarquista na juventude, tornou-se comunista na maturidade. Foi ainda reconhecido como um dos mais representativos e respeitados participantes da tentativa de transformar o mundo não só em seu aspecto material, mas também em suas bases culturais.
O revolucionário cordial: Astrojildo Pereira e as origens de uma política cultural é uma tentativa de interpretação da trajetória do intelectual Astrojildo Pereira através de seus escritos e sua comunicação, principalmente aquela impressa em livros. O trabalho de Martin Cezar Feijó busca apresentar os escritos militantes de Pereira, marcados por profunda tensão entre a revolução e a modernidade, no período que compreende a Primeira Grande Guerra (1914-1918) e o fim da Segunda Guerra (1939-1945).
Mais do que isso, analisa a proposta de construção de uma política cultural levantada por Astrojildo. O projeto de alfabetização proposto por ele levava em conta a cultura popular e preferia chamar à luta um setor da sociedade civil rebelde (ou que, pelo menos, deveria sê-lo) às imposições do Estado: os intelectuais. Investimento na formação intelectual, moral e estética de todas as pessoas, em condições iguais e democráticas. É a origem de um projeto de política cultural de um revolucionário que leva em conta a memória dos afetos e das dores do país, apontando para um futuro melhor, apesar das adversidades.
Com prefácio inédito de Sergio Augusto e inserção de imagens raras, a segunda edição atualizada da biografia escrita por Feijó chega ao público no contexto de aniversário dos cem anos de fundação do Partido Comunista – Seção Brasileira da Internacional Comunista (1922-2022).
O autorze
Martin Cezar Feijó é historiador formado pela FFLCH-USP, doutor em Comunicação pela ECA-USP e atualmente professor no Centro Universitário FAAP. Autor de dez livros, entre eles O que é política cultural (1983), Formação política de Astrojildo Pereira (1985) e 1932: a guerra civil paulista (1998), este em parceria com Noé Gertel.