Por Laura Fraga de Almeida Sampaio, tradutora do livro
A aula inaugural, que Foucault pronunciou ao assumir a cátedra vacante no Collège de France pela morte de Hyppolite, pode ser considerada um texto de ligação entre suas obras, datadas dos anos 60, como História da loucura, As palavras e as coisas, A arqueologia do saber, centradas predominantemente na análise das condições de possibilidade das ciências humanas, e as que se seguiram a maio de 68, como Vigiar e punir, voltados ao exame da microfisica do poder.
Foucault desvenda a relação entre as práticas discursivas e os poderes que as permeiam. Ao perceber os diversos procedimentos que cerceiam e controlam os discursos da sociedade, o autor comprova que 'o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo pelo que se luta, o poder de queremos nos apoderar’.
Na segunda parte do texto, Foucault anuncia a direção em que prosseguirá suas investigações no decorrer dos cursos no Collège de France, apontando para o que denomina o 'conjunto crítico’ e o 'conjunto genealógico’ e lança o projeto de estudo das interdições que atingem o discurso da sexualidade. A este trabalho dedicará muitos anos, após a publicação do primeiro volume da História da sexualidade, em 1976: A vontade de saber (uso dos prazeres, vol.2, O cuidado de si, vol, 3, ambos de 1984).
O autorze
Michel FOUCAULT (1926-1984) foi um dos mais importantes filósofos franceses do século XX. De 1970 a 1984, ocupou a cátedra de História dos sistemas de pensamento no Collège de France. Sua aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970, foi publicada por Edições Loyola, com o título 'A ordem do discurso’ e já se encontra na 21ª edição. (2011)