A Verdade e as Formas Jurídicas foi o título das conferências proferidas por Michel Foucault no Brasil – entre 21 e 25 de maio de 1973, organizadas pelo Departamento de Letras da PUC-Rio – que deram origem a este livro. Para celebrar os quarenta anos do evento, a NAU Editora organizou esta edição comemorativa, com apresentação de Eduardo Jardim. A Verdade e as Formas Jurídicas é um livro sui generis no conjunto da obra deste que é um dos filósofos mais importantes do século XX. Em A Verdade e as Formas Jurídicas, Foucault questiona radicalmente o conceito de verdade e analisa sua construção na trama das relações de poder. A partir da proposição do binômio saber-poder, analisa as principais práticas jurídicas engendradas ao longo da história do Ocidente e ainda revela como, no sec. XIX, a criação da sociologia e da psicologia atuaram como novas formas de controle social sobre o indivíduo, tendo a arquitetura do Panopticon como modelo de instituição ideal. Proposto primeiramente em 1785 pelo filósofo inglês Jeremy Bentham para a construção de um centro penitenciário – em que todos são vigiados o tempo todo – o panoptismo converte-se em uma forma de relação do estado com seus cidadãos, transformando-se em símbolo do próprio sistema de funcionamento da sociedade de controle, o que a recente onipresença das câmeras de vigilância veio confirmar. Ao final das conferências, Foucault debate com importantes pensadores brasileiros de diversas áreas, fechando assim com chave de ouro este evento que marcou a história da filosofia e das ciências humanas no Brasil.
O autorze
Michel Foucault (15 de outubro de 1926 – Paris, 25 de junho de 1984) foi um filósofo, historiador das ideias, teórico social, filólogo, crítico literário e professor da cátedra História dos Sistemas do Pensamento, no célebre Collège de France, de 1970 até 1984 (ano da sua morte). Suas teorias abordam a relação entre poder e conhecimento e como eles são usados como uma forma de controle social por meio de instituições sociais. Embora muitas vezes seja citado como um pós-estruturalista e pós-modernista, Foucault acabou rejeitando esses rótulos, preferindo classificar seu pensamento como uma história crítica da modernidade. Seu pensamento foi muito influente tanto para grupos acadêmicos, quanto para ativistas. Foucault é conhecido pelas suas críticas às instituições sociais, especialmente à psiquiatria, à medicina, às prisões, e por suas ideias sobre a evolução da história da sexualidade, suas teorias gerais relativas ao poder e à complexa relação entre poder e conhecimento, bem como por estudar a expressão do discurso em relação à história do pensamento ocidental.