Único romance escrito por Oscar Wilde, O retrato de Dorian Gray foi publicado em 1890 na revista Lippincott's Monthly Magazine. Na ocasião, sem avisar o autor, os editores optaram por suprimir mais de quinhentas palavras do romance, por considerá-lo indecente. Esse ato revoltou Wilde, que republicaria o texto em livro no ano seguinte, revisado e ampliado – esta é a versão que trazemos nesta edição.
Dorian é um homem que se encanta com a visão de mundo hedonista do aristocrata Henry Wotton, que considera que a beleza e a satisfação sexual são as únicas coisas que importam na vida. Ele deseja então vender sua alma para que apenas um retrato seu pintado a óleo envelheça e desapareça, mantendo sua juventude eternamente. Como Fausto, Dorian tem seu desejo atendido e parte para uma vida libertina e amoral.
A obsessão estética e a vida de aparências são temas centrais de O retrato de Dorian Gray. Ao retratar uma questão humana que persiste por séculos, Wilde criou uma obra-prima da literatura que merece seu lugar entre os maiores clássicos da história.
O autorze
Oscar Wilde (1854-1900) nasceu na Irlanda em 1854. Ao longo de sua carreira como escritor, produziu poemas, contos, ensaios e um único romance: O retrato de Dorian Gray. As peças teatrais alçaram-no ao sucesso na última década do século XIX. O êxito literário também lhe rendeu uma situação financeira abastada, que lhe proporcionou, consequentemente, uma vida desregrada e extravagante. Em maio de 1895, acabou condenado a dois anos de trabalhos forçados por cometer sodomia – a homossexualidade era considerada crime na época. A prisão foi sua ruína. Em 1897, mudou-se para Paris e passou a usar o pseudônimo Sebastian Melmoth. Morreu em 1900, de meningite – agravada pelo alcoolismo e pela sífilis.
Alexandre Barbosa de Souza é ex-editor, autor e tradutor de obras do inglês, francês e espanhol.