Agora
como teremos notícias de quem fugiu
de quem morreu?
Como saberemos novas de nossos mortos?
Não mais beberemos água do poço
não dançaremos a bater pés na terra
como saberemos novas de nossos mortos?
Nunca mais caçaremos gazela atenta
ó criador
nunca ouviremos leoa antes de atacar
como saberemos novas
ó cheio de cólera
como saberemos novas de nossos mortos?
O autorze
Pedro Eiras nasceu no Porto, em 1975. É dramaturgo, ficcionista, ensaísta, professor de literatura portuguesa.
Desde 2001, publicou diversas peças de teatro: Antes dos Lagartos, Um Forte Cheiro a Maçã, Uma Carta a Cassandra, Um Punhado de Terra, Bela Dona, entre outras. Reuniu o essencial nos volumes Teatro I e II, em 2014. As suas peças foram editadas, encenadas, lidas ou radiodifundidas em dez países.
Publicou ainda obras de ficção (A Cura, Bach, Cartas Reencontradas de Fernando Pessoa a Mário de Sá-Carneiro) e ensaio (O Riso de Momo, […], Constelações, Platão no Rolls-Royce, Os Ícones de Andrei).
Nunca acreditou, como Aristóteles, que o teatro purifique. Pelo contrário, pensa que o teatro é peste, terror, puro incêndio.