Flertando com a dramaturgia, com as memórias de uma infância conturbada, com uma espécie de diário fragmentado e também com o delírio e a insanidade, Priscila Gontijo constrói um romance que não se furta a explorar os limites: da língua, da estrutura, da existência e da loucura. O resultado é este originalíssimo O som dos anéis de Saturno, que transita entre diversos gêneros narrativos para fugir de qualquer rótulo e ampliar – com o ritmo, a dança e a música das palavras, como numa peça de composição impecável – as fronteiras da arte literária.
Priscila Gontijo escreve nessa beirada em que sentido e não sentido, sanidade e loucura, voo ou queda no abismo confundem-se. Um lapso, um descuido e: onde estamos? Tantas vezes é difícil saber. A exposição ao risco é próxima à crueldade de Antonin Artaud, e podemos, junto dele, e com o presente livro, ecoar para nossos tempos a mesma urgência: que a escrita seja viva, que afete os corpos e os invada, como a peste. […] Algo de crueza e ironia, a violência serena dos acontecimentos. Ao mesmo tempo, uma escrita corpórea, em que o ritmo, extremamente preciso, faz do texto o movimento, envolvente, que nos arrasta.’ [Annita Costa Malufe]
O autorze
Priscila Gontijo é carioca, radicada em São Paulo. É escritora, dramaturga, roteirista e pesquisadora. Mestre em Literatura e Crítica Literária e formada em Letras, ambas pela PUC-SP, atualmente é doutoranda no Programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela FFLCH/USP. Integrou o Núcleo de Dramaturgia do CPT – coordenado por Antunes Filho. É fundadora da Companhia da Mentira e autora de peças como 'Soslaio’, 'A vida dela’, 'Funâmbulas’ e 'Deadline’. É autora de 'Peixe cego’ (7Letras, 2016), romance finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, e de 'O som dos anéis de Saturno’ (7Letras, 2020).