O movimento é vida. Seu oposto complementar, a morte, caracteriza- se pela parada, falta de movimento ordenado e, posteriormente, pelo movimento desordenado da decomposição. Podemos observar na prosa de Grabiński como os dois são um, como se transformam um no outro, como o excesso do movimento provoca a morte. O autor mostra como o fascínio pelo movimento se traduz em fascínio pelo oculto, pela morte, chegando a um exemplo de morbidez que une eros e thanatos. A morte, um final natural da vida, parece atrair com a força irresistível os fascinados pelo movimento, pelo progresso, os possuídos pelo demônio de movimento.
O demônio do movimento, que, apesar da sua aparência antiquada de um trem, nos seus livros mata seus funcionários e passageiros, incita à brutalidade e à excitação sexual, que busca a satisfação imediata, custe o que custar, fascina, atemoriza e rege o mundo pelos caminhos misteriosos. O movimento, a essência que, nomen omen, movimenta os nossos tempos nômades aparece nos contos de Grabiński visto sob várias perspectivas, tanto misteriosas e místicas, quanto reais.
O autorze
Stefan Grabiński (1887–1936) foi chamado de 'Edgar Allan Poe polonês’, e seu trabalho foi um dos precursores da ficção de fantasia na Polônia. Stefan se formou na Universidade de Lwów (Lviv) e depois trabalhou como professor de polonês na cidade e depois em Przemyśl. Tinha uma constituição fraca, sofrendo de tuberculose grave por muitos anos. Durante o tempo em que trabalhou como professor, escreveu romances, peças de teatro e contos, além de publicar artigos e histórias em jornais e revistas. Uma coleção de contos, Exceções: No Escuro da Fé (Z Wyjątków. W Pomrokach Wiary), escrita sob o pseudônimo Stefan nyalny, foi publicada em 1909 e uma segunda coleção de contos, No Monte da Rosas (Na Wzgórzu Róż), seguido 9 anos depois. O livro que, no entanto, firmemente estabeleceu Stefan como autor do fantástico na Polônia dos anos entre guerras, foi sua coleção de contos O Demônio do Movimento (Demon Ruchu), publicada em 1919.