Em Um rio chamado Atlântico estão presentes as mesmas qualidades encontradas em dois outros livros de Alberto da Costa e Silva, que se tornaram clássicos de leitura obrigatória: A enxada e a lança e A manilha e o libambo. Qualidades, por sinal, que explicam por que um crítico exigente como Wilson Martins considera o autor ‘o maior africanólogo em língua portuguesa’. Nestes 16 textos sobre as relações históricas entre o Brasil e a África e sobre a África que moldou o Brasil e o Brasil que ficou na África, o pesquisador cuidadoso e o analista percuciente e instigante não se desatam um só momento do poeta. Se é o poeta quem anda pelas ruas dos bairros brasileiros de Lagos e Ajudá, quem desenha as fachadas das casas térreas e dos sobrados neles construídos pelos ex-escravos retornados do Brasil e quem traz das páginas dos documentos e dos livros as personagens com que se povoam estes ensaios, é o historiador quem lhe guia cuidadosamente os passos e recupera, para pô-los em primeiro plano, situações, enredos e episódios que tinham saído, ou quase, de nossa memória.
Sobre o autor
Alberto da Costa e Silva considera-se piauiense, embora tenha nascido em São Paulo, passado a infância em Fortaleza e a juventude no Rio de Janeiro. Desde adolescente cultiva duas paixões: a poesia e a história do continente africano. É membro da ABL e já lançou vários volumes de poemas, memórias, ensaios, história e antologias. Pela Nova Fronteira, publicou Poemas reunidos; Espelho do príncipe e Invenção do desenho, ambos de memórias; A enxada e a lança: a África antes dos portugueses; A manilha e o libambo: a África e a escravidão, de 1500 a 1700; Um rio chamado Atlântico: a África no Brasil e o Brasil na África; Francisco Félix de Souza, mercador de escravos; Das mãos do oleiro: aproximações; A África e os africanos na história e nos mitos; e dois livros para jovens, Um passeio pela África e A África explicada aos meus filhos. Sua extensa obra lhe valeu, entre outros, os prêmios Juca Pato de Intelectual do Ano, em 2003, e o Camões, em 2014. Diplomata de carreira, serviu em Portugal, Venezuela, Estados Unidos, Espanha, Itália, Nigéria, Benim, Colômbia e Paraguai, tendo viajado demoradamente por 15 países africanos. Por seu trabalho de aproximação entre o Brasil e a África, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Obafemi Awolowo, de Ifé, na Nigéria (1986).