Este livro apresenta uma série de reflexões sobre o agenciamento sociotécnico causado pela pandemia de Covid-19. Mais do que uma entidade biológica, o vírus é um constructo social. Mais do que um objeto, um artefato, a tecnologia é também um constructo social. Pensar o vírus e as tecnologias como ‘nature-culture’ (Haraway, 2008) nos permite vinculá-los de forma mais concreta à dimensão associativa, vinculando humanos e não humanos, nos ajudando a compreender melhor os desafios em jogo. Essa é a perspectiva ontológica e metodológica adotada em todos os ensaios aqui apresentados, ou seja, uma perspectiva pragmática, imanente, materialista das formas que a sociedade encontra para produzir, compreender e resolver o dilema causado pela pandemia, e como a cultura digital participa desse entrelaçamento (Barad, 2007).
Homem e tecnologia não são entidades separadas (sujeito e objeto), assim como o vírus não pode ser entendido como unidade biológica isolada (natureza e cultura). São modos de existir, formas de agir, tipos de arranjos (dispositif, assemblage) que revelam soluções particulares de uma coletividade (o social). A técnica não é ferramenta ou instrumento nas mãos do sujeito que domina o sentido (como significação e direção) da agência, ou sofre as consequências retroativamente. A tecnologia é como um vírus, e o vírus como uma tecnologia: eles disparam ações, mobilizando amplas redes, afetando o coletivo.
Tabela de Conteúdo
Sumário
Prefácio …………………………….
Apresentação ………………………………
A tecnologia é um vírus………………………
Parte 1. Cultura digital
1. Dobras tecnológicas do tempo ……………..
2. Dados, informação e conhecimento……………….
3. PDPA – Plataformização, dataficação
e performatividade algorítmica……………….
4. Plataformas digitais…………………….
5. Algoritmos………………………………….
6. Visibilidade e rede social ………………….
7. Hackers e ataque ao TSE …………………..
8. Cultura do cancelamento…………………..
9. O dilema das redes …………………………..
10. Materialidade do digital ……………………
11. Cidade inteligente ……………………………
12. Rede e utopia………………………………….
Parte 2. Agenciamento pandêmico
13. A construção do novo coronavírus………………
14. Novo coronavírus e isolamento digital………….
15. Educação, tecnologia e pandemia ……………….
16. Jogos e pandemia …………………………….
17. Assistentes pessoais……………………
18. Vigilância guiada por dados,
privacidade e Covid-19 ……………………
19. Fake news e Covid-19 …………………….
20. Excesso de lives ………………..
21. Covid-19, liberdade e cidadão ideal!……………
22. A máscara da Covid-19 no Brasil…………..
23. Solidão, amigos e redes sociais ……………
24. ‘O silêncio’. Pandemia, blackout e lockdown…………
Referências gerais…………………
Sobre o autor
É escritor, professor Titular da Faculdade de Comunicação da UFBA e Pesquisador 1A do CNPq. É Doutor em Sociologia pela Université René Descartes, Paris V, Sorbonne (1995). Foi Visiting Scholar nas Universidades Mc Gill e Aberta (CNPQ / Canadá, 2007-2008) e na National University of Ireland (CAPES / Maynooth, Irlanda, 2015-2016). É diretor do Lab404 – Laboratório de Pesquisa em Mídia Digital, Redes e Espaço. Tem mais de 15 livros publicados e inúmeros artigos nacionais e internacionais sobre cultura digital. Seus últimos livros são ‘Objetos da Bahia. Entrevistas’ (Mondrongo, 2020), ‘O Fantasma de Beckett’ (Sulina, 2018), ‘Isso (não) é muito Black Mirror’ (Edufba, 2018).