O codinome George O’brien vem escrito no passaporte Britânico, mas George não sabe uma palavra de inglês. Ele lidera Vânia, Fiódor, Heinrich e Erna, especialista em bombas. Com identidades falsas e armas sob as camisas, eles transitam como sombras pelas ruas de Moscou vigiando por semanas cada passo do governador-geral da cidade. Eles são o terror.
As relações entre os terroristas, suas questões de foro íntimo, morais e éticas, quanto ao ato de matar, o cotidiano tenso na clandestinidade, os sentimentos que um tem pelo outro, são narrados pelo frio George, que ama Elena, uma mulher casada.
Publicado em 1909, a narrativa em forma de diário da história de um núcleo terrorista que tem como missão o assassinato do governador-geral de Moscou teve grande impacto. Seu autor, Boris Sávinkov, havia fugido de uma prisão na Rússia e morava em Paris. Frequentava o círculo de amizade de artistas como Picasso, Modigliani, Appolinaire e Cendras, que ficaram fascinados com a exuberância do autor, cujo nome era sinônimo de terrorismo revolucionário. Com fortes referências autobiográficas, a obra de Sávinkov, que conta com ‘Memórias de um terrorista’, ‘O cavalo negro’, entre outros, influenciou um sem número de autores, com destaque a Albert Camus, admirador de seus livros.
Sobre o autor
Boris Sávinkov nasceu em 1879 no então Império Russo. Passou parte da infância e adolescência em Varsóvia. Depois de expulso da faculdade de direito em São Petersburgo, para onde tinha se mudado, foi preso algumas vezes de 1897 a 1901 por envolvimento em agitações e propaganda revolucionária. Em 1902, começou a escrever contos e poemas. Em 1903, em Genebra, passou a integrar a Organização Combatente do Partido Socialista Revolucionário. Entre 1903 e 1906, foi responsável por ataques à bomba que levaram à morte figuras importantes do regime tsarista, como o governador-geral de Moscou, em 1905. Capturado, foi condenado à morte, e fugiu da prisão. Em 1907 estabeleceu-se então em Paris, onde escreveu ‘O cavalo pálido’. Em 1917, voltou à Rússia e integrou o governo provisório. Com a chegada dos bolcheviques ao poder, voltou a organizar atentados, como o que feriu Lenin em 1918. Preso novamente, morreu no dia 5 de maio de 1925. De acordo com as autoridades da prisão Lubyanka, suicidou-se pulando de uma janela.